BISPO INDIANO DENUNCIA MOTIVOS ELEITORAIS POR TRÁS DAS VIOLÊNCIAS ANTICRISTÃS
Nova Délhi, 17 set (RV) - Após a onda de violências contra os cristãos em Orissa,
novos ataques foram registrados nos dias passados em outros Estados da Índia: em Karnataka,
sul do país, radicais hinduístas atacaram, neste domingo, diversas igrejas e lugares
de culto. Ademais, um abrigo católico foi assaltado por desconhecidos na noite entre
domingo e segunda-feira, num distrito do Estado de kerala.
Em Mangalore, também
sul do país, foram registrados confrontos entre manifestantes e agentes durante uma
manifestação para protestar contra os contínuos ataques conduzidos por fundamentalistas
hinduístas. A polícia prendeu ao menos 100 pessoas e as autoridades proibiram manifestações.
Os
partidos extremistas, mediante evocação ao nacionalismo e o recurso à violência contra
comunidades não hinduístas, buscam também obter consensos em vista das eleições gerais,
que se realizarão na Índia em maio de 2009. É o que afirma o bispo dos sírio-malankareses
da Diocese de Muvattupuzha, Dom Abraham Mar Jiulius, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom
Abraham Mar Jiulius:- "O governo atual de Karnataka é em grande parte administrado
por expoentes do partido político hinduísta. Entre eles encontram-se também alguns
grupos fundamentalistas: talvez queiram aproveitar a situação em Orissa e repetir
o ataque contra os cristãos. Parece-me, porém, que tudo isso se dê também com um objetivo
político: de fato, as eleições gerais estão se aproximando na Índia. A intenção é
a de dirigir-se à população hinduísta para ter maiores consensos nas eleições gerais."
A
Igreja Católica na Índia, fortemente comprometida em defender os direitos de todo
homem, encontra em alguns estados e por causa de alguns grupos extremistas, diversos
obstáculos em seu caminho para promover uma sociedade mais justa. Em particular, as
conversões dos dhalit ao cristianismo são asperamente criticadas pelos partidos nacionalistas.
Os dhalit são os considerados sem casta.
Segundo os fundamentalistas, são conversões
obtidas com engano, mas na realidade são conversões dificultadas porque minam o sistema
das castas: de fato, ao frear as conversões, os grupos das castas altas buscam manter
o status quo de submissão social e econômica dos dhalit _ constatam diversos observadores.
Mas
não é somente a Igreja que pede maior liberdade: também a Constituição indiana defende
a liberdade de religião e de conversão, como nos explica ainda Dom Abraham Mar Jiulius:
Dom
Abraham Mar Jiulius:- "Nós apelamos à Constituição da Índia, segundo a qual ela
é um Estado laico e diante da lei todas as religiões são iguais, têm os mesmos direitos.
Permaneceremos tranqüilos, pedindo que sejam respeitados os nossos direitos constitucionais;
estamos dispostos a dirigir-nos à Corte suprema a fim de que os nossos direitos sejam
reconhecidos. Esses ataques não nos assustam." (RL)