Com a Missa com os doentes, segunda de manhã, Bento XVI concluiu a sua viagem pastoral
Diante da basílica do Rosário, o Papa celebrou a Eucaristia, participada por elevado
número de doentes. Imediatamente depois, o Papa parte de helicóptero para o aeroporto
de Tarbes, para o voo de regresso a Roma. Na homilia, neste dia 15 de Setembro
em que a Igreja celebra Nossa Senhora das Dores, Bento XVI convidou a dirigir o olhar
para “Maria que partilha a compaixão do seu Filho pelos pecadores. Como afirma São
Bernardo, a Mãe de Cristo entrou na Paixão do seu Filho pela sua compaixão”. Contudo
- observou o Papa – “Maria está hoje na alegria e na glória da Ressurreição. As lágrimas
que eram as suas ao pé da Cruz transformaram-se num sorriso que nada apagará, permanecendo
intacta a sua compaixão materna para connosco”. Sublinhando como os artistas medievais
souberam admiravelmente exprimir o sorriso de Nossa Senhora, observou Bento XVI: “Este
sorriso de Maria é para todos. E contudo ele dirige-se especialmente àqueles que sofrem,
para que possam aí encontrar conforto e acalmia. Procurar o sorriso de Maria não é
questão de sentimentalismo devoto ou de outros tempos, mas sim a justa expressão da
relação viva e profundamente humana que nos liga àquela que Cristo nos deu como Mãe”. O
Papa recordou que em Lourdes, no decurso da aparição de 3 de Março de 1858, Bernardete
contemplou de modo muito particular este sorriso de Maria. Foi essa a sua primeira
resposta à pergunta da jovem vidente, que queria conhecer a identidade da Bela Senhora.
Ainda antes de se apresentar como “a Imaculada Conceição”, Maria “deu a conhecer o
seu sorriso, como a mais apropriada porta de entrada para a revelação do seu mistério”. “No
sorriso de Maria, a mais iminente de todas as criaturas, sorriso dirigido a nós, reflecte-se
a nossa dignidade de filhos de Deus, esta dignidade que nunca abandona aquele que
está doente. Este sorriso, verdadeiro reflexo da ternura de Deus, é manancial de uma
esperança invencível”. Reconhecendo que “o sofrimento rompe os mais seguros equilíbrios
de uma vida, abalando profundamente as mais firmes bases da confiança e levando por
vezes a desesperar mesmo do sentido da vida”, o Papa observou que, precisamente, “há
combates que o homem não é capaz de manter sozinho, sem a ajuda da graça de Deus”. “Aos
que sofrem e aos que são tentados a voltar as costas à vida, eu quereria, humildemente,
dizer: Voltai-vos para Maria! No sorriso da Virgem encontra-se misteriosamente
escondida a força de prosseguir o combate contra a doença, a favor da vida. Junto
dela se encontra igualmente a graça de, sem medo nem amargura, aceitar deixar este
mundo, na hora que Deus quiser”. Procurar este sorriso – prosseguiu ainda o Papa
– é antes de mais “reconhecer a gratuidade do amor”, percebendo que a nossa única
riqueza é o amor que Deus nos tem e que passa pelo coração daquela que se tornou nossa
Mãe”. “O sorriso de Maria é manancial de água viva. Aquele que crê em mim, diz Jesus,
rios de água viva brotarão do seu coração. Maria é aquela que acreditou e, do seu
seio, brotaram rios de água viva que vêm irrigar a história dos homens. A nascente
indicada aqui, em Lourdes, por Maria a Bernardete é o humilde sinal desta realidade
espiritual. Do seu coração de crente e de mãe, brota uma água viva que purifica e
que cura”.
Quase a concluir a homilia, Bento XVI referiu-se ao Sacramento
dos Doentes, que ele próprio se preparava para administrar a algumas pessoas presentes,
e teve uma palavra de apreço e reconhecimento para com todos os que, em Lourdes ou
em qualquer parte do mundo, se ocupam das pessoas que sofrem. “O serviço de caridade
que prestais é um serviço marial. Maria confia-vos o seu sorriso para que vós próprios
vos torneis, na fidelidade ao seu Filho, fonte de água viva. O que realizais, vós
o fazeis em nome da Igreja, de que Maria é a mais pura imagem. Possais vós levar a
todos o seu sorriso!”