2008-09-12 13:40:33

PALÁCIO DOS CAMPOS ELÍSEOS: PARIS DÁ AS BOAS-VINDAS AO PAPA


Paris, 12 set (RV) – Durante a cerimônia de boas-vindas ao papa, no Palácio dos Campos Elíseos, sede do governo francês, em Paris, Bento XVI manteve um encontro particular com o Presidente Sarkozy.

No ínterim, o cardeal-secretário de Estado, Tarcisio Bertone, entrevistou-se, em outra dependência do palácio, com o premiê francês, François Fillon. Participaram do encontro também o substituto das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti, e o núncio apostólico na França, Dom Fortunato Baldelli.

Após o discurso do presidente Sarkozy, dando as boas-vindas ao papa, Bento XVI tomou a palavra, para expressar sua emoção e honra, ao visitar a França pela primeira vez, como Sucessor de Pedro.

Nesse contexto, destacou a finalidade da sua visita: celebrar os 150 anos das aparições da Virgem Santíssima em Lourdes. E unir-se à "multidão de peregrinos do mundo inteiro que, ao longo dos anos, convergem para o santuário mariano, animados pela fé e pelo amor".

O pontífice referiu-se à sua passagem por Paris, dizendo que é uma cidade que visitou diversas vezes, no curso dos anos, "em razão de meus estudos e de meus precedentes encargos" e onde teceu "boas amizades humanas e intelectuais".

O Santo Padre manifestou sua alegria por poder retornar à capital francesa, e prestar homenagem ao "imponente patrimônio de cultura e de fé que plasmou vosso país de modo esplêndido, por séculos, e que deu ao mundo, grandes figuras de servidores da Nação e da Igreja"

Acerca das relações entre Estado e Igreja, o papa disse, tomando como ponto de partida a afirmação de Cristo "Dai a César o que é de César; e a Deus o que é de Deus": "A Igreja na França goza, atualmente, de um regime de liberdade. A desconfiança do passado transformou-se, pouco a pouco, num diálogo sereno e positivo, que se consolida sempre mais. Um novo instrumento de diálogo existe, desde 2002, e tenho muita confiança no seu trabalho, porque a boa vontade é recíproca. Sabemos que permanecem abertos ainda, alguns territórios de diálogo que deveremos trilhar e bonificar, pouco a pouco, com determinação e paciência."

Reportando-se ao discurso proferido momentos antes, por Sarkozy, que falara de "laicidade positiva", Bento XVI sublinhou que "neste momento histórico em que as culturas de cruzam entre si, sempre mais, estou profundamente convencido da necessidade de uma nova reflexão sobre o verdadeiro significado e a importância da laicidade".

De fato, disse o papa, é fundamental insistir na distinção entre o âmbito político e o religioso, para tutelar a liberdade religiosa dos cidadãos. Todavia, é necessário também, fazer um claro discernimento da função insubstituível da religião na formação das consciências e sua contribuição para a criação de um consenso ético básico na sociedade.

O pontífice ressaltou que "toda sociedade humana necessita de esperanças e essa necessidade é ainda mais forte no mundo de hoje, que oferece poucas aspirações espirituais e poucas certezas materiais". Nesse ponto, falou de sua grande preocupação com os jovens, que têm dificuldades de encontrar as orientações de que necessitam ou perdem seus referenciais familiares.

Bento XVI falou também, de sua preocupação com a situação social no mundo ocidental, "marcada, infelizmente, por uma tácita progressão da distância entre ricos e pobres". "Tenho certeza _ sublinhou _ que é possível encontrar soluções justas que, indo além da ajuda imediata e necessária, possam chegar ao núcleo dos problemas, a fim de proteger os mais fracos e promover sua dignidade."

O Santo Padre não se esqueceu de exortar à proteção do meio ambiente, recordando a necessidade urgente de "aprender a respeitar e a proteger melhor" o nosso Planeta. "Parece-me ter chegado o momento _ frisou _ de fazer propostas mais construtivas, para garantir o bem-estar das futuras gerações."

Reportando-se ao fato que a França é, no momento, presidente de turno da União Européia, o pontífice, disse que esta é "uma ocasião para testemunhar o amor dos franceses, segundo sua nobre tradição, aos direitos do homem e à sua promoção, pelo bem do indivíduo e da sociedade".

A França é chamada, no contexto de "tempos incertos" como os atuais _ ponderou _ "a ajudar a Europa a construir a paz, dentro de seus confins e no mundo inteiro", promovendo "uma unidade que não pode se tornar uniformidade, mas que seja capaz de garantir o respeito pelas diferenças nacionais e pelas diversas tradições culturais que constituem uma riqueza na sinfonia européia".

Nesse contexto, sublinhou que "a própria identidade nacional não se realiza senão na abertura para com outros povos e através da solidariedade para com estes", numa clara referência à situação dos imigrantes na França.

Bento XVI concluiu seu discurso, reafirmando sua convicção de que a França saberá contribuir, sempre mais, para "fazer progredir este século, rumo à serenidade, à harmonia e à paz".

Ao término do encontro, o presidente Nicolas Sarkozy acompanhou Bento XVI ao Salão de Festas, para a apresentação das respectivas delegações.

Depois da cerimônia de boas-vindas, o papa deixou o Palácio dos Campos Elíseos e se dirigiu à Nunciatura Apostólica de Paris, para o almoço. Esta tarde, nas dependências da Nunciatura, terá um encontro com representantes da Comunidade Judaica da França.

Por fim, no Colégio dos Bernardinos, o Santo Padre se encontrará com o Mundo da Cultura, e concluirá seu primeiro dia de permanência em Paris, presidindo à celebração das Vésperas, na Catedral de Notre Dame, da qual participarão o clero, os religiosos e religiosas, seminaristas e diáconos da França. (MT-AF)







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