NÚNCIO APOSTÓLICO NO PAQUISTÃO COMENTA CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA NO PAÍS
Islamabad, 30 ago (RV) - O Paquistão tem registrado um novo recrudescimento
da violência, com uma série de atentados que está provando duramente a população do
país asiático. Por um lado, os ataques terroristas tornam ainda mais tensa a complexa
situação política após a renúncia do presidente Pervez Musharraf. Por outro, agrava-se
a crise econômica que atinge, sobretudo, as faixas mais frágeis da sociedade.
A
situação é cada vez mais caótica no país asiático, em vista das eleições presidenciais
de 6 de setembro próximo, com 3 candidatos que concorrerão no pleito eleitoral. Agravou-se
nestas horas a fratura entre Asif Ali Zardari, viúvo de Benazir Bhutto, e Nawaz Sharif,
líder da Liga muçulmana paquistanesa, que decidiu abandonar a maioria de governo.
O
incerto quadro político só faz piorar a situação econômica, como ressalta o núncio
apostólico em Islamabad, Dom Adolfo Tito Yllana, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom
Adolfo Tito Yllana:- "A situação econômica é muito grave neste país. O custo de
vida subiu por causa do preço do petróleo. Portanto, viajar de casa para o lugar de
trabalho custa mais do que o que pagavam quatro ou cinco meses atrás. Ademais, aumentou
muito o custo dos gêneros alimentícios. Como pode viver uma família com quatro ou
cinco filhos? Agora as escolas estão para reabrir, o grande problema que atinge as
famílias pobres é como mandar os filhos para a escola. Acrescente-se ainda que daquilo
que sabemos, também lendo os jornais, a situação geral não é nada boa."
Às
dificuldades econômicas, acrescenta-se um recrudescimento da violência alimentada
por uma série indiscriminada de atentados terroristas, de matriz fundamentalista,
que toma como alvo civis e forças da ordem. Segundo a agência de notícias France
Presse, em pouco mais de um ano, as vítimas desses ataques seriam cerca de 1.200.
Ataques que _ como a crise econômica _ atingem, sobretudo, as faixas mais vulneráveis.
Eis o que disse ainda o núncio apostólico:
Dom Adolfo Tito Yllana:-
"Um trabalhador pobre quando chega ao local do trabalho, não sabe quando voltará para
casa e nem se voltará. E quando não volta por causa do que tem acontecido ultimamente,
deixa uma família _ uma viúva e filhos, provavelmente _ que não saberão como fazer
para sobreviver. Espera-se, e rezemos para isso, que a situação melhore para os pobres.
Estamos falando de um país com uma população de 170 milhões de pessoas: pode-se imaginar
o que significa essa crise econômica. Temos também outro problema: cinco vezes por
dia é suspensa a corrente elétrica. Faz-se isso por questão de economia e para dar
fôlego a outros setores. O povo sofre com isso. Daqui a pouco, entre dois, três meses,
chegará o inverno. Como farão?" (RL)