CHILE: TEÓLOGO BRASILEIRO CRITICA EXCESSIVA PRIVATIZAÇÃO DAS ÁGUAS NO CHILE
Santiago, 30 ago (RV) – Um dos fundadores da Teologia da Libertação, o renomado
teólogo e ambientalista brasileiro, Leonardo Boff, criticou nesta sexta-feira, na
capital chilena, Santiago, a política de privatização das águas adotada pelo país.
"Fiquei
escandalizado quando li o texto da legislação que regulamenta o uso das águas neste
país _ disse Boff. Existe um impulso de privatização muito forte" _ denunciou, numa
entrevista coletiva realizada em Santiago.
Leonardo Boff defendeu a importância
da água como "um bem público e natural, que não deve se transformar em mercadoria,
porque isso significaria mercantilizar a própria vida" _ argumentou.
Segundo
dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), se
não se cuidar dos recursos hídricos, no ano 2025 dois terços da humanidade estarão
privados desse bem essencial à vida.
"A água exige uma gestão universal, para
que milhões de pessoas não venham a morrer pela falta dela" _ disse Leonardo Boff.
O teólogo brasileiro comentou a carta pastoral do bispo do Vicariato Apostólico de
Aysén, Dom Luigi Infanti Della Mora, intitulada "Danos hoje na água de cada dia",
apresentada na última terça-feira,dia 26.
No texto do documento, o bispo de
Aysén, localidade situada há cerca de 1.800km ao sul de Santiago, pleiteia uma visão
ético-religiosa da questão do meio ambiente, questionando duramente o modelo econômico
que permite a "venda" de recursos naturais, primeiro dos quais, a água. (AF)