BENTO XVI SOBRE SANTO AGOSTINHO: É PRECISO ENCONTRAR DEUS-AMOR PARA ENCONTRAR-SE
Cidade do Vaticano, 28 ago (RV) - A Igreja recorda hoje Santo Agostinho, bispo
de Hipona e doutor da Igreja. Um personagem à qual é muito ligado Bento XVI, que lhe
dedicou, no início deste ano, cinco catequeses na audiência geral das quartas-feiras.
"Homem
de paixão e de fé, de altíssima inteligência e de incansável cuidado pastoral": assim
o Santo Padre definiu Santo Agostinho. Nascido no ano 354 em Tagaste, Numídia, atual
Argélia, converteu-se após "um longo e atormentado itinerário interior". Buscava a
verdade apenas com a razão, mas depois entendeu que razão e fé não se podem separar
nem contrapor.
Crer para compreender e compreender para crer _ recordou o papa
citando o bispo de Hipona, acrescentando:
"Acredite para compreender: o
crer abre a estrada para ter acesso às portas da verdade (...) mas também, inseparavelmente,
compreenda, veja a verdade para poder encontrar Deus e acreditar."
O homem
é um grande enigma e um grande abismo _ escrevia Santo Agostinho _ e somente encontrando
Deus descobre quem é verdadeiramente:
"A presença de Deus no homem é profunda
e, ao mesmo tempo, misteriosa, pode ser reconhecida e descoberta no próprio íntimo:
'Não vai para fora _ afirma Agostinho _ mas volta para ti mesmo; no homem interior
habita a verdade; e se se der que a tua natureza é mutável, transcende a ti mesmo'
(...) Portanto _ ressalta o papa _ volte-se para onde se acende a luz da razão.
Justamente como ele mesmo ressalta (...) no início das 'Confissões', a sua biografia
espiritual: 'Fizeste-nos para ti e inquieto será o nosso coração enquanto não repousar
em ti'. O afastar-se de Deus equivale então a afastar-se de si mesmo."
Deus
é amor _ dizia ainda Santo Agostinho _ e o encontro com Ele é a única resposta às
inquietações do nosso coração. E toda a história humana é vista pelo bispo de Hipona
como uma luta entre dois amores, embora guiada pela Divina Providência:
"Esse
é seu desígnio fundamental, a sua interpretação da história: a luta de dois amores,
amor a si a ponto de ser indiferente em relação a Deus e amor a Deus a ponto de ser
indiferente em relação a si, à plena liberdade de si em favor dos outros, na luz de
Deus."
Pecar segundo Agostinho é buscar o amor no lugar errado. E ele que
fez experiência das próprias fraquezas experimentou também a infinita misericórdia
de Deus compreendendo que precisamos de uma contínua conversão, que a cada dia humildemente
devemos recomeçar:
"Nós sempre precisamos ser lavados por Cristo _ que
nos lavou os pés _, de nova conversão, até o fim. Precisamos dessa humildade que reconhece
que somos pecadores em caminho a fim de que o Senhor nos dê a mão definitivamente
e nos conduza para a vida eterna." (RL)