UNIÃO EUROPÉIA RELEGA A IGREJA À ESFERA PRIVADA, DENUNCIA CARDEAL IRLANDÊS
Dublin, 26 ago (RV) -Na União Européia está se difundindo uma cultura que pretende
“relegar as manifestações das convicções religiosas pessoais à esfera privada e subjetiva”,
negando a indivíduos engajados na fé e nas instituições eclesiais um espaço público. A
denúncia é feita pelo presidente da Conferência Episcopal da Irlanda e arcebispo de
Armagh, cardeal Sean Brady, durante um encontro de políticos e economistas na cidade
irlandesa de Ballina. “Como sugere o recente referendo sobre o Tratado de Lisboa,
alguns que no passado eram entusiastas sobre os objetivos da União Européia, hoje
sentem certo mal-estar”, advertiu o cardeal Brady. “As razões desta mal-estar – segundo
o purpurado – são complexas”, mas podem estar relacionadas com a ''perda de memória
cristã” que se percebe nas instituições européias. A Igreja, portanto, vê com preocupação
esta atitude “pragmática prevalecente” na União Européia. “Este modo de conceber –
comentou – acaba por negar aos cristãos o direito de intervir nos debates públicos.
O mesmo pode-se dizer quanto às posições assumidas em relação às pesquisas sobre as
células-tronco, ao status das uniões homossexuais, ao primado da família fundada no
matrimônio e na cultura da vida". O cardeal Brady destaca, por fim, que “a cultura
preponderante e a agenda da União Européia parecem ser guiadas mais pela tradição
secular do que pela memória e pelas heranças cristãs que pertencem à ampla maioria
dos Estados membros”. Daí a conclusão do purpurado que “sem respeito à própria alma
e à memória cristã, o projeto europeu perderá coesão social”. (PL)