Castel Gandolfo, 24 ago (RV) - Ao encontrar-se com os fiéis, nesta manhã, em
Castel Gandolfo, o papa expressou sua crescente preocupação com o aumento do clima
de tensão no mundo.
Na primeira parte de seu encontro, o papa fez a habitual
reflexão dominical, antes da oração do Ângelus. Explicou que a liturgia deste domingo
coloca a todos, homens e mulheres, duas perguntas que um dia, Jesus fez a seus discípulos.
À primeira, “Quem as pessoas dizem que é o Filho do homem?”, o povo respondeu
que para alguns, era João Batista; para outros Elias, ou Jeremias, ou outro profeta.
O Senhor então fez a segunda pergunta, diretamente aos Doze: “Quem vocês pensam que
Ele é?”. Pedro respondeu com firmeza: “Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo”. E esta
é a solene profissão de fé que a Igreja proclama, desde então.
Bento XVI explicou
que hoje, nós repetimos convictos e conscientes que é Cristo o verdadeiro tesouro
pelo qual vale a pena sacrificar tudo.
“Ele é o amigo que não nos abandona,
porque conhece os anseios mais íntimos de nosso coração. Jesus é o ‘Filho do Deus
vivo’, o Messias prometido, que veio à terra para oferecer a salvação e a vida e
o amor que habita em todo ser humano. A humanidade ganharia muito se acolhesse este
anúncio, que traz consigo a glória e a paz!”.
Jesus então diz a Pedro “Tu
és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e a ti darei as chaves do reino
dos céus”. Esta foi a primeira vez que Jesus falou da Igreja e de sua missão:
reunir em Cristo, e numa única família, toda a humanidade.
Por conseguinte
– prosseguiu o papa em sua reflexão - a missão de Pedro e de seus sucessores é exatamente
servir a unidade desta única Igreja de Deus. Seu ministério indispensável é fazer
com que ela não se identifique jamais com uma só nação, com uma só cultura, mas que
seja a Igreja de todos os povos.
Deus quer que a sua paz e a força renovadora
de amor estejam presentes em meio aos homens, tão marcados por divisões e contrastes:
“Servir
a unidade interior que provém da paz de Deus; a unidade daqueles que por meio de Jesus
se tornaram irmãos e irmãs: esta é a missão peculiar do papa, Bispo de Roma e sucessor
de Pedro”.
Bento XVI continuou afirmando que diante da enorme responsabilidade
desta tarefa, percebem-se sempre mais o compromisso e a importância do serviço à Igreja
e ao mundo, que o Senhor lhe confiou. Ele pediu a todos os fiéis que o sustentem com
a oração, para que possamos juntos anunciar e testemunhar a presença de Deus nos tempos
atuais.
Após rezar a oração do Ângelus, com todos os presentes, Bento XVI
falou de sua preocupação com o aumento da tensão em nível internacional:
“Constatamos
com amargura, o risco de uma progressiva deterioração do clima de confiança que deveria
caracterizar as relações entre as nações. Como não lembrarmos hoje, de todo o esforço
feito para construir a consciência comum de sermos uma ‘família de nações’, como
pediu o papa João Paulo II, às Nações Unidas? Precisamos nos convencer de que somos
unidos pelo mesmo destino, o destino transcendente...”.
Bento XVI alertou
novamente para o retorno de teorias nacionalistas, que já provocaram conseqüências
tão trágicas no passado. Mas, diante das crescentes dificuldades, em todo o mundo,
o papa convidou a não ‘ceder ao pessimismo’. “É preciso – disse ele – esforçar-se
ativamente para rechaçar a tentação de enfrentar situações novas, com velhos sistemas.
O papa indicou o caminho a seguir, para a construção de relações fecundas e sinceras
e para assegurar às gerações presentes e futuras, tempos de concórdia e de progresso
moral e civil:
“A violência deve ser repudiada! Os caminhos são: a força moral
do direito, negociações justas e transparentes, para mediar controvérsias como a
relação entre a integridade territorial e a auto-determinação dos povos, a fidelidade
à palavra dada, e a busca do bem-comum”.
Enfim, o pontífice pediu a intercessão
de Maria, para todos nós, e concedeu a benção apostólica. Em seguida, saudou os fiéis,
em várias línguas. Em espanhol, Bento XVI disse que continua a rezar pelo eterno repouso
das vítimas e pelos feridos no trágico acidente aéreo de 4ª feira passada, em Madri. (CM)