Managua, 21 ago (RV) - Os bispos da Nicarágua fazem forte apelo aos eleitores
para que participem das eleições municipais de novembro próximo. Em documento assinado
pelos 8 membros da Conferência episcopal, os bispos niragüenses afirmam que “não votar
já é uma escolha, ou seja, aceitar o que nos será imposto” e que, portanto, “desertar
a responsabilidade do voto significa renunciar à possibilidade de participar do desenvolvimento
do país”. Na primeira parte do documento, “Luzes e sombras do nosso momento”, os
bispos da Nicarágua apontam como “fatos positivos” várias realizações e conquistas
dos últimos anos, entre as quais a superação da crise energética, o apoio aos pequenos
produtores, a melhora das infra-estruturas escolares, os aumentos salariais para os
professores, as subvenções aos centros paroquiais e à educação privada, assim como
a maior eficiência no campo da saúde pública. Mas os bispos se declaram, ao mesmo
tempo, preocupados com a pobreza extrema que ainda aflige muitos nicaragüenses. Tudo
isto – analisam os bispos – contribui para agravar fenômenos como a violência no seio
das famílias, a violência urbana, as migrações forçadas e o narcotráfico. “A falta
de transparência na distribuição das ajudas que chegam do exterior criou muitas preocupações”,
pois reapresentou o problema da corrupção que custou caro à Nicarágua. Os bispos lamentam
também a persistência de um clima político muito polêmico, que se traduz em insultos,
ataques pessoais, violência verbal deletéria. No capítulo dedicado “à participação
cidadã”, os bispos dirigem-se diretamente aos leigos, fazendo-lhes apelo para que
se façam sempre presente na vida pública, em particular no processo de formação do
consenso necessário e também na oposição a toda injustiça. Para o episcopado da Nicarágua,
trata-se de um esforço mais do que necessário e urgente, também porque na vida pública
do país “é evidente a ausência de líderes católicos coerentes com as suas convicções
religiosas e éticas”. No terceiro e último capítulo, os bispos se dirigem aos
eleitores em vista do voto de novembro, aos candidatos que hoje mesmo começam a campanha
eleitoral, aos meios de comunicação que deverão informar, e, por fim, às autoridades
de governo e ao Tribunal eleitoral. Para o episcopado, votar é a primeira forma fundamental
de participação que pode facilitar outros modos, mais articulados e incisivos e, neste
sentido, lembra aos candidatos o seu dever para com a verdade e, portanto, ao uso
de uma linguagem serena que favoreça o diálogo e a proposta de programas eleitorais
honestos e não demagógicos. “Ajam com integridade e sabedoria contra a injustiça e
a opressão, o absolutismo e a intolerância de um só homem e de um só partido político.
(PL)