A santidade não é um luxo para poucos, mas sim a vocação de todos os cristãos: Bento
XVI, na audiência geral, em Castelgandolfo
Os santos constituem o mais importante comentário do Evangelho, uma sua concretização
na vida de cada dia e representam portanto para nós uma verdadeira via de acesso a
Jesus: esta observação do teólogo Hans Urs von Balthasar foi recordada pelo Papa,
nesta quarta-feira, na audiência geral com milhares de peregrinos, em Castelgandolfo.
Bento XVI dedicou de facto uma breve catequese, nesta ocasião, aos santos que
a Igreja coloca à nossa consideração dia após dia, com o convite a os invocar e imitar.
O Papa passou mesmo em rápida revista as memórias litúrgicas que ocorrem esta semana.
Nomeadamente São Bernardo de Claraval, celebrado precisamente neste dia 20:
“Este
místico, desejoso de viver imerso no vale luminoso da contemplação, foi levado
pelos acontecimentos a viajar através da Europa, para servir a Igreja, nas necessidades
do seu tempo e defender a fé cristã. Foi classificado como doutor mariano,
não por ter escrito muitíssimo sobre Nossa Senhora, mas porque soube captar o seu
papel essencial na Igreja, apresentando-a como modelo perfeito da vida monástica e
de qualquer outra forma de vida cristã”.
Evocado também o Papa São Pio X,
cuja memória ocorre nesta quinta-feira e que, como afirmou um dia João Paulo II, “lutou
e sofreu pela liberdade da Igreja, e por essa liberdade se mostrou pronto a sacrificar
privilégios e honras, a enfrentar incompreensões e escárnios, pois considerava esta
liberdade como a derradeira garantia para a integridade e a coerência da fé”.
Recordada
também a memória de Nossa Senhora Rainha, instituída pelo Papa Pio XII em 1955 e fixada
depois do Concílio Vaticano II a oito dias da solenidade da Assunção, como seu complemento,
pois “os dois privilégios constituem um único mistério”. Mencionada finalmente
Santa Rosa de Lima, evocada neste sábado. Primeira santa canonizada do continente
latino-americano, é a sua padroeira principal, menção naturalmente sublinhada por
um grande aplauso da parte dos numeroso peregrinos latino-americanos presentes em
Castelgandolfo.
Bento XVI convidou pois cada um a “empenhar-se no conhecimento
e na devoção dos santos, juntamente com a meditação quotidiana da Palavra de Deus
e um amor filial para com Maria”. O escritor francês Jean Guitton, recordou o Papa,
descrevia os santos “como as cores do espectro em relação à luz”, porque com tonalidade
e acentuações próprias cada um deles reflecte a luz da santidade de Deus”.
Encorajando
a que se aproveitem as para ler alguma biografia ou os escritos de algum santo ou
santa, Bento XVI observou que “cada dia do ano nos oferece a oportunidade para nos
familiarizarmos com os nossos padroeiros celestes”.
“A sua experiência humana
e espiritual mostra que a santidade não é um luxo, não é um privilégio para poucos,
mas o destino comum de todos os homens chamados a serem filhos de Deus, a vocação
universal de todos os baptizados.”
A todos é oferecida a santidade, embora
não sejam todos iguais. Aliás – sublinhou – muitíssimos são os santos cujos nomes
só Deus conhece e que conduziram uma existência na aparência perfeitamente normal…
“O
seu exemplo testemunha que só quando se está em contacto com o Senhor é que uma pessoa
se enche da sua paz e da sua alegria, podendo assim difundir por toda a parte serenidade
e optimismo”.
Como notava o romancista francês Bernanos, a propósito da variedade
dos carismas, “cada vida de santo é como que um novo florescimento de primavera”.
Que assim seja também para nós, concluiu Bento XVI.