No Angelus dominical, Bento XVI convida a rezar contra os actos de racismo e a considerar
a condução rodoviária campo de defesa da vida e de amor ao próximo. Apelo a favor
da Geórgia
Bento XVI partiu das leituras deste domingo para convidar os cristãos e as pessoas
de boa vontade a reflectir sobre a universalidade da missão da Igreja, constituída
por povos de todas as raças e culturas. Daí a responsabilidade da comunidade eclesial
chamada a ser casa de todos, sinal e instrumento de comunhão de toda a família humana.
Uma questão de grande actualidade e sobre a qual é preciso reflectir de maneira aprofundada
por forma a ajudar a sociedade civil a ultrapassar todas as possíveis tentações de
racismo, intolerância e exclusão, e a organizar-se no respeito da dignidade de cada
ser humano. É que embora a superação do racismo seja uma das grandes conquistas da
humanidade, infelizmente – disse o Papa – registam-se ainda em diversos países novas
e preocupantes manifestações de desprezo e discriminação racial, ligadas, muitas vezes,
a problemas sociais e económicos, que não justificam, todavia, tais comportamentos.
O Papa convidou, por isso, a rezar a Nossa Senhora a fim de que cresça por todo o
lado o respeito por cada pessoa e a consciência de que só no recíproco acolhimento
de todos é possível construir um mundo marcado pela autentica justiça e a verdadeira
paz.
Bento XVI convidou também a rezar para que os cristãos considerem a condução
de automóveis um campo no qual defender a vida e exercer concretamente o amor ao próximo.
Um convite que aflorou ao Santo Padre devido aos numerosos e graves acidentes de viação
que se verificam, particularmente na Itália, sobretudo neste período de férias. Não
devemos habituar-nos a esta triste realidade – disse o Papa – pois que a vida humana
é preciosa, e, é indigno do ser humano morrer de acidente de viação ou ficar inválido
por toda a vida por razões que se poderiam evitar. É necessário um maior sentido de
responsabilidade, antes de mais de quem conduz, o qual deve evitar excesso de velocidade
e comportamentos imprudentes, muitas vezes na origem dos acidentes. É preciso sentido
moral e cívico quando se conduz – frisou o Pontífice. No que toca ao sentido cívico,
Bento XVI pôs a tónica sobretudo na prevenção e na repressão da parte das autoridades.
A Igreja, quanto a ela, sente-se interpelada pelo aspecto moral. E aqui o Papa convida
os cristãos a fazer um exame de consciência pessoal sobre a forma de conduzir o carro,
e convida as comunidades a educarem todos a considerar o acto de conduzir um campo
no qual defender a vida e exercer o amor ao próximo.
Ainda antes de saudar
os peregrinos presentes em francês, inglês, alemão, polaco e italiano, o Papa falou
da situação na Geórgia que disse continuar a seguir com atenção e preocupação, sentindo-se
particularmente próximo das vítimas do conflito. Bento XVI lançou um apelo a aliviar,
com generosidade, as graves dificuldades por que passam os refugiados, sobretudo mulheres
e crianças, e pediu a abertura imediata de corredores humanitários entre a Ossezia
do Sul e o resto da Geórgia, por forma a garantir uma digna sepultura aos mortos ainda
abandonados, curas adequadas aos feridos e a reunião familiar daqueles que o desejam.
O Papa não se esqueceu de recomendar que sejam garantidos a incolumidade e os direitos
fundamentais também às minorias étnicas envolvidas no conflito. Por fim, Bento XVI
exprimiu o desejo de que a trégua em curso, obtida graças ao contributo da União Europeia,
possa consolidar-se e transformar-se numa paz estável. A concluir a sua referência
à Geórgia, o Papa convidou a comunidade internacional a continuar a dar o seu apoio
com vista na obtenção duma solução duradoura para aquela região, mediante o dialogo
e a boa vontade comum.
No Angelus deste domingo, o Papa improvisou algumas
palavras de condolências pela morte repentina do bispo de Bolzano-Bressanone, localidade,
onde Bento XVI passou duas semanas de férias depois de regressar da sua viagem à Austrália.
Com profunda emoção tive a notícia da morte de Mons. Wilhelm Egger – disse – acrescentando
que o tinha deixado há poucos dias aparentemente de boa saúde e que nada deixavam
pensar numa sua partida tão rápida deste mundo. O Papa uniu-se depois à dor dos familiares
e de toda a diocese de Bolzano-Bressanone, onde Mons. Egger era apreciado e amado
pelo seu empenho e a sua dedicação. Elevando fervidas orações de sufrágio por este
servo bom e fiel da Igreja, o Papa dirigiu uma bênção apostólica aos parentes, aos
sacerdotes, religiosos, religiosas e fiéis da diocese de Bolzano-Bressanone. Mons.
Egger faleceu a noite passada, na sequência de um repentino mal-estar quando se encontrava
no bispado. Ele era frade capuchinho e biblista.