Moscou, 16 ago (RV) - “Diante do triste espetáculo de tanta falsa alegria”,
Maria nos ensina a sermos “sinais de esperança e consolação”. É uma das passagens
mais significativas da homilia de ontem do papa na missa em Castel Gandolfo por ocasião
da festa da Assunção de Nossa Senhora _ solenidade que a Igreja no Brasil celebrará
amanhã, domingo.
O Santo Padre ressaltou que, nos momentos de dificuldade,
Maria é sinal de “segura esperança”. Recordou também que Maria é realmente a “Porta
do Céu”, um céu não de idéias abstratas, “mas da verdadeira realidade, que é Deus
mesmo”.
A esse propósito, ouçamos a reflexão do arcebispo da Arquidiocese da
Mãe de Deus em Moscou, Dom Paolo Pezzi, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom
Paolo Pezzi:- “Maria é realmente a Porta do Céu porque nela vemos plenamente realizada
a humanidade, assim como Deus a criou. Em seu belíssimo hino à Virgem, Dante Alighieri
diz, entre outras coisas, que Nossa Senhora é ‘vivaz fonte de esperança’: isso é justamente
aquilo que nós talvez possamos mais ver na Virgem Maria, sobretudo em sua disponibilidade
ao mistério de Deus, a sua simplicidade que a tornou disponível ao mistério de Deus
e, por isso, desse modo a tornou para nós não somente um exemplo, mas aquela que nos
acompanha ao longo do caminho da vida.”
P. Como Maria, Porta do Céu, pode
tornar-se hoje ponte para a plena comunhão entre católicos e ortodoxos? Dom
Paolo Pezzi:- “Creio que, em primeiro lugar, devemos olhar em Nossa Senhora essa
sua disponibilidade ao desígnio de Deus. Também somos chamados a ter essa disponibilidade.
Então o desejo de uma plena comunhão e os passos necessários também para essa plena
comunhão se tornarão para nós como o bom pão a ser comido. Penso que sobretudo Nossa
Senhora possa ser uma ponte para nós, para o nosso caminho rumo à plena comunhão,
justamente porque nos convida a um ‘sim’ dito ao mistério de Deus, a um ‘sim’ que
se torna _ digamos assim _ operacional.”
P. Ontem o papa exortou os fiéis
a serem sinais de esperança num mundo angustiado pela dor. Pensamos também no que
está acontecendo nestes dias no Cáucaso: Maria, Rainha da Paz... Dom
Paolo Pezzi:- “Sim, certamente. Penso justamente na dor, na fadiga e na necessidade
que nestas horas atingem os nossos povos. Impressiona-me como também nessas horas,
sem uma particular publicidade nos jornais, houve quem soube ir ao encontro dessa
necessidade, dessa dor e dessa fadiga do homem. Creio que esses sinais de testemunho,
junto à oração pela paz para aqueles lugares, são sinal de uma possível reconstrução
que no caminho da vida é aquilo que nos cabe: recomeçar sempre!” (RL)