Cidade do Vaticano, 16 ago (RV) - “Poucas pessoas da nossa geração encarnaram
com tal transparência a face mansa e humilde de Jesus Cristo.” É com palavras repletas
de reconhecimento e comoção que o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção
da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, recorda o fundador da Comunidade de
Taizé, Irmão Roger Schutz, no terceiro ano de sua morte.
Irmão Roger foi uma
“fonte de esperança reconhecida por muitos, inclusive por mim”, disse o purpurado
alemão. O “monge símbolo do ecumenismo espiritual” tinha 90 anos quando, durante a
oração da noite, foi assassinado por uma desequilibrada mental.
Numa entrevista
ao jornal vaticano “L’Osservatore Romano”, o presidente do Pontifício Conselho para
a Promoção da Unidade dos Cristãos traça deste modo o perfil e a obra do monge:
“Durante
toda a sua vida Irmão Roger seguiu o Cordeiro: com a sua doçura e a sua humildade,
com a sua rejeição a toda ação de grandeza, com a sua decisão de jamais falar mal
de ninguém, com o seu desejo de carregar em seu coração as dores e as esperanças da
humanidade.”
A unidade dos cristãos encontrava-se no centro de seus desejos
e de suas orações _ continua o cardeal _, “um fio condutor presente nas decisões mais
concretas de cada dia: acolher com alegria toda ação que posa aproximar tradições
diferentes, evitar toda palavra ou gesto que possa retardar a sua reconciliação”.
Uma
meta perseguida _ sem jamais ser “precipitada ou nervosa” _ desde os anos da II Guerra
Mundial quando Taizé, terra de confim, começou a acolher os refugiados de todas as
religiões.
“Nascido numa família reformada, Roger Schutz fizera os estudos
de teologia e se tornara pastor naquela mesma tradição”, recorda hoje o Cardeal Kasper.
Todavia, desde os anos em que era um jovem pastor, “Irmão Roger buscou nutrir sua
fé e a sua vida espiritual nas fontes de outras tradições cristãs, ultrapassando desse
modo certos limites confessionais”.
E “ao longo dos anos, a fé do prior de
Taizé se enriqueceu progressivamente com o patrimônio de fé do catolicismo”, tanto
que a Igreja de Roma “permitira que ele recebesse a Eucaristia, como fazia toda manhã
na grande igreja de Taizé”.
Por fim, o purpurado ressalta o papel fundamental,
hoje, de Taizé, “modelo de comunidade que ajuda os jovens a superar as fraturas do
passado e a olhar para um futuro de comunhão e amizade”, e dedica palavras de profunda
estima e amizade ao Irmão Alois, sucessor de Irmão Roger. (RL)