Cidade da Guatemala, 12 ago (RV) - As vítimas da guerra civil que dilacerou
a Guatemala durante 36 anos, de 1960 a 1996, são ao menos 200 mil. O balanço ainda
provisório - já que as escavações nos cemitérios clandestinos continuam dando ulteriores
provas de massacres - conta 55 mil violações dos direitos humanos e 422 massacres
de civis. A maior parte desses crimes permanece impune, denuncia o Departamento
para os Direitos Humanos do Arcebispado de Guatemala ,em Cidade da Guatemala, cuja
intensa atividade em defesa da justiça levou, em 1998, ao assassinato de seu diretor,
o bispo auxiliar da capital, Dom Juan José Geradi Conedera.
Quem hoje dirige
o referido departamento é Nery Rodenas que, participando de uma coletiva de imprensa
intitulada “Guatemala nunca mais: recuperação da memória histórica sobre a guerra
civil”, evidenciou as graves omissões institucionais.
“Na Guatemala, os acordos
de paz, aos quais o Parlamento deu valor legal, continham intenções muito boas em
nível político, mas não transformaram o país como se esperava. Noventa e nove por
cento dos crimes permanecem impunes: falamos em particular do assassinato de dirigentes
estudantis e de camponeses, pelos quais ninguém foi levado diante da justiça”, frisou
Rodenas.
“Continuam igualmente impunes, os militares responsáveis por 80% dos
crimes cometidos _ acrescentou ele _, enquanto as iniciativas voltadas a ressarcir
as vítimas e a formar comissões de busca dos ‘desaparecidos’ permanecem sendo iniciativas
administradas pela sociedade civil.” (RL)