2008-08-10 20:33:46

PAPA PEDE O CESSAR DAS AÇÕES MILITARES NA GEÓRGIA


Bressanone, 10 ago (RV) - O premente apelo pela situação na Ossetia do Sul, com o convite à oração junto com os ortodoxos, e uma reflexão sobre os riscos do vazio que comportam certos aspectos da “sociedade do bem-estar” estiveram no centro das palavras do papa, que no Angelus de hoje _ ao meio-dia _ expressou a sua gratidão pelo período de repouso e meditação em Bressanone, no nordeste da Itália, onde permanecerá até amanhã.

O Santo Padre, falando em alemão na primeira parte de sua alocução, ressaltou o benefício dos dias de repouso, para depois recordar que o Evangelho de hoje “nos conduz do lugar de repouso à vida cotidiana”.

“Conta-nos _ explicou o pontífice _ como após a multiplicação dos pães o Senhor vai para a montanha para permanecer sozinho com o Pai. Por sua vez, os discípulos estão no lago e com a sua mísera barca tentam inutilmente resistir ao vento contrário”.

Também hoje _ disse Bento XVI _ “em muitas partes da terra a Igreja se encontra penando para seguir adiante não obstante o vento contrário e parece que o Senhor esteja muito distante, mas o Evangelho nos dá resposta, consolação e encorajamento e, ao mesmo tempo, nos indica o caminho”.

Cristo estende-nos a mão como aos discípulos e “somente se nós segurarmos a mão do Senhor, se nos deixarmos conduzir por Ele _ acrescentou o papa _ o nosso caminho será um caminho reto e bom”.

“Por isso, queremos pedir ao Senhor que consigamos sempre encontrar a sua mão e, ao mesmo tempo, nessa oração há também o convite a fim de que em seu nome estendamos a nossa mão aos outros, àqueles que precisam dessa mão estendida para conduzi-los pelas águas da nossa história.”

Depois, falando em italiano o pontífice prosseguiu a sua reflexão com um convite forte e afetuoso aos jovens, a não perderem de vista a alegria verdadeira atrás de falsas miragens de prazer.

Bento XVI recordou os “rostos alegres de tantos jovens de todas as partes do mundo” reunidos em Sydney, que sentiram “a autêntica alegria de encontrar-se e de descobrir juntos um mundo novo”, “sem ter tido necessidade de recorrer a modos inconvenientes e violentos, ao álcool e a substâncias entorpecentes”.

O papa ressaltou isso pensando com pesar naqueles jovens que caem vítima de “falsas evasões, vivendo experiências degradantes que não raramente desembocam em tragédias”. O Santo Padre analisou os motivos:

Esse é um típico produto da atual chamada ‘sociedade do bem-estar’ que, para preencher um vazio interior e a monotonia que o acompanha, induz a tentar novas experiências, mais emocionantes, mais extremas.

“Também as férias _ recordou o pontífice _ correm assim o risco de dissipar-se numa busca vã de miragens de prazer.” “Mas desse modo _ observa o papa _ o espírito não se repousa, o coração não sente alegria e não encontra paz, pelo contrário, acaba por encontrar-se mais cansado e triste do que antes.” E aí o Santo Padre explicou não falar somente aos jovens:

Referi-me aos jovens porque são os mais sedentos de vida e de novas experiências, e por isso também os que mais correm risco. Mas a reflexão vale para todos: a pessoa humana se regenera verdadeiramente somente na relação com Deus, e Deus o encontramos aprendendo a escutar a sua voz na quietude interior e no silêncio.

Bento XVI observou que “numa sociedade em que se vive sempre na correria, as férias são dias de verdadeira distensão”.

E após a oração mariana o papa expressou a sua profunda preocupação “pelos trágicos eventos que estão se verificando na Geórgia e que, a partir da região da Ossetia do Sul, já causaram muitas vítimas inocentes e obrigaram um grande número de civis a deixar as suas casas”.

Bento XVI expressou seus votos:

Faço votos de que cessem imediatamente as ações militares e que renunciem, também em nome da comum herança cristã, ulteriores confrontos e represálias violentas, que possam degenerar num conflito de ainda mais vasto alcance; de que sejam retomados, ao invés, o caminho da negociação e do diálogo respeitoso e construtivo, evitando assim ulteriores, dilacerantes sofrimentos àquelas caras populações.

E o pontífice acrescentou um claro apelo à comunidade internacional:

Igualmente, convido a Comunidade internacional e os países mais influentes na atual situação a fazerem todo esforço para apoiar e promover iniciativas voltadas a alcançar uma solução pacífica e duradoura, em favor de uma convivência aberta e respeitosa.

O pontífice convidou à oração junto com os irmãos ortodoxos, recomendando a sua intenção à Virgem Maria.

Nas saudações finais o papa recordou os peregrinos presentes provenientes das diversas comunidades paroquiais da Diocese de Bolzano-Bressanone, bem como os jovens e as famílias de outras dioceses italianas. A todos agradeceu pelo afeto e, em particular, aos jornalistas e aos agentes dos meios de comunicação que o acompanharam durante suas férias em Bressanone. Recordamos que Bento XVI retorna amanhã, segunda-feira, para a residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo, localizada a cerca de 30Km de Roma. (RL)







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