2008-08-08 19:38:41

CARDEAL MARTINO: PROIBIR MENDICÂNCIA É FECHAR OS OLHOS DIANTE DA NECESSIDADE


Roma, 08 ago (RV) - Bispos de várias cidades italianas protestaram nos últimos tempos contra medidas que proíbem o pedido de esmolas.

As prefeituras de Alassio, Sanremo, Trieste, Pádua, Modena, Veneza, Florença e Cortina declararam guerra às esmolas. Segundo o jornal da Conferência Episcopal Italiana, Avvenire, essa guerra declarada pode ter conseqüências "muito sérias".

Administrações de várias cidades proibiram as esmolas em seus centros históricos. O “transgressor” pode ser multado de 50 a 500 euros. Os prefeitos justificam a medida, afirmando que não são contra a esmola, mas contra a exploração, explicando que o que incomoda não são os pobres, mas a pobreza.

O jornal publicou dois editorais, o primeiro intitulado "Os pobres jamais incomodam", e o segundo, "A presunção de vencer a pobreza tirando os pobres de circulação", para reprovar a norma e esclarecer os reais problemas a serem enfrentados.

Agora, em entrevista ao conceituado jornal de Milão, Corriere della Sera, o presidente do pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Renato Raffaele Martino, concorda em que se deve lutar contra a máfia da esmola, sem lesar o direito de pedir ajuda. É esta, segundo ele, a atitude a manter para com os mendigos, depois dos decretos dos prefeitos de algumas cidades italianas, decretos que, segundo o Cardeal Martino, serviriam para esconder a necessidade ao invés de se procurar responder a ela. Dar esmola, diz o purpurado, é um direito humano fundamental, especialmente quando nos deparamos com pessoas que passam fome e estão expostas ao frio.

O cardeal, que é também presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, diz não querer julgar os decretos que foram emanados, que podem ter as suas justificações, mas que julga inaceitável a proibição da esmola em geral: vejo nisto – disse ele – uma tentação de fechar os olhos e de olhar para o outro lado. Ele sugere que as autoridades deveriam, ao contrário, ajudar a população a compreender o verdadeiro alcance da necessidade que ainda não foi satisfeita ou alcançada por nenhuma forma de previdência social.(PL)







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