Presidente eleito do Paraguay, Fernando Lugo, recebeu ontem, quarta-feira, a dispensa
do ministério episcopal da parte de Bento XVI, com redução ao estado laical
( 31/7/2008) A decisão foi anunciada em Assunciòn pelo Núncio Apostólico D. Orlando
Antonini. Deste modo, Fernando Lugo, ex-bispo da diocese de San Pedro, tem agora o
caminho aberto para assumir oficialmente o seu cargo, no próximo dia 15 de Agosto. Em
Dezembro de 2006, no momento de decidir o seu ingresso na vida política, Lugo tinha
escrito ao pontífice pedindo-lhe a redução ao estado laical, mas em resposta, em Janeiro
de 2007, recebeu a suspensão “a divinis”. O Núncio apostólico recordou que efectivamente
a Santa Sé procurou de todos os modos dissuadir o bispo a candidatar-se às eleições,
acrescendo porém que a sua vitória nas presidenciais impôs uma nova reflexão. Depois
de ter procedido à leitura do Decreto, D. Orlando Antonini justificou a nova posição
adoptada “para o bem do país, e para que se distinga claramente e de modo definitivo
o papel de presidente da República e o do ministério episcopal”. Comentando “a
perda do estado clerical” disposta por Bento XVI, D. Antonini esclareceu que isto
significa “a consequente perda dos direito inerentes a este estado, dispensando-o
dos votos religiosos emitidos na sociedade do Verbo Divino, da obrigação do celibato
e as outras obrigações ligadas ao estado clerical”. O Núncio acrescentou que a Santa
Sé exorta “o senhor Fernando Lugo Mendez a ser fiel à fé católica em que foi baptizado
e a viver uma vida coerente com o Evangelho”. Reafirmando que se trata de uma
decisão adoptada “exclusivamente por razões canónicas e pastorais, D. Orlando Antonini,
interrogado sobre uma possível reversibilidade desta medida, pois que Fernando Lugo
não excluiu que, depois do mandato presidencial, pudesse voltar à sua actividade pastoral,
o prelado respondeu: “De per si esta medida (de redução ao estado laical) tem uma
natureza perpétua”. Em todo o caso (admitiu), qualquer nova situação exigiria uma
reflexão específica da parte das autoridades da Santa Sé, que examinará um eventual
pedido que lhe fosse apresentando neste sentido.