Cidade do Vaticano, 28 jul (RV) - Há um mês, com a celebração das Primeiras
Vésperas da Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo na Basílica romana de São
Paulo Fora dos Muros, o papa inaugurava o Ano Paulino na presença do patriarca ecumênico
de Constantinopla, Bartolomeu I. Em sua homilia Bento XVI traçou o perfil do Apóstolo
dos Gentios com palavras intensas.
O papa quer ressaltar que a experiência
de fé de São Paulo parte do encontro pessoal com Cristo, da descoberta que Cristo
o ama a ponto de dar a sua vida por ele. Vejamos brevemente alguns trechos daquela
homilia:
“A sua fé é o ser atingido pelo amor de Jesus Cristo, um amor que
o toca no íntimo e o transforma. A sua fé não é uma teoria, uma opinião sobre Deus
e sobre o mundo. A sua fé é o impacto do amor de Deus sobre seu coração.”
A
liberdade é a palavra chave para entender São Paulo. O amor de Deus torna-se a lei
da nova vida cristã. Um amor que nos torna livres:
“Com o mesmo espírito Agostinho
formulou a frase que depois se tornou famosa: ame e faça o que quiser. Quem
ama Cristo como o amou Paulo, pode verdadeiramente fazer aquilo que quiser, porque
o seu amor está unido à vontade de Cristo e assim à vontade de Deus; porque a sua
vontade está ancorada na verdade e porque a sua vontade não é mais simplesmente vontade
sua, arbítrio do eu autônomo, mas está integrada na liberdade de Deus e dela recebe
o caminho a ser percorrido.”
São Paulo _ ressalta ainda o papa _ nos faz entender
bem o que significa pertencer à Igreja:
“A Igreja não é uma associação que
quer promover uma certa causa. Nela não se trata de uma causa. Nela se trata da pessoa
de Jesus Cristo, que também como Ressuscitado permaneceu ‘carne’... Ele tem um corpo.
Está pessoalmente presente em sua Igreja, ‘Cabeça e Corpo’ formam um único sujeito.
Em tudo isso transparece o mistério eucarístico, no qual Cristo doa continuamente
o seu Corpo e faz de nós o seu Corpo: ‘O pão que partimos não é comunhão com o
Corpo de Cristo? Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto
que todos participamos desse único pão’ (1 Cor 10, 16-17). Com essas palavras
se dirige a nós, nesta hora, não somente Paulo, mas o próprio Senhor: como vocês foram
capazes de dilacerar o meu Corpo?”
Ademais, o papa recorda São Paulo como um
homem que anunciou a verdade sem medo encontrando o sofrimento, a perseguição e, por
fim, a morte:
“Num mundo no qual a mentira é potente, a verdade se paga com
o sofrimento. Quem quer livrar-se do sofrimento, mantê-lo distante de si, mantém distante
a própria vida e a sua grandeza; não pode ser servidor da verdade e assim servidor
da fé. Não há amor sem sofrimento _ sem o sofrimento da renúncia a si mesmos, da transformação
e purificação do eu para a verdadeira liberdade. Onde não há nada pelo qual valha
sofrer, também a própria vida perde o seu valor.” (RL)