PAPA EXORTA BISPOS AFRICANOS A ENCONTRAREM NOVOS E EFICAZES MODOS PARA EVANGELIZAR
Dar es Saalam, 23 jul (RV) - Evangelizar a cultura e inculturar o Evangelho
“é uma missão antiga e, todavia, sempre nova”: assim se expressa Bento XVI na Mensagem
lida esta manhã na abertura do Congresso organizado _ em Bagamoyo, na Tanzânia _ pelo
Pontifício Conselho para a Cultura sobre o tema “Perspectivas pastorais para a nova
evangelização no contexto da globalização e os seus efeitos sobre culturas africanas”.
O
encontro _ de quatro dias de estudo e debate _ reúne os membros do organismo vaticano
com os bispos africanos responsáveis pela pastoral cultural.
A inauguração
dos trabalhos, após a santa missa presidida pelo arcebispo de Dar es Salaam, Cardeal
Polycarp Pengo, foi feita com a conferência do presidente do Pontifício Conselho para
a Cultura, Dom Gianfranco Ravasi, que não podendo estar presente confiou a leitura
da mesma ao secretário do referido organismo vaticano, Pe. Bernard Ardura.
Em
sua Mensagem, Bento XVI recomenda aos bispos africanos _ presentes no Congresso provenientes
de todas as partes do Continente _ que encontrem “novos e eficazes modos de apresentar
a imutável verdade do Evangelho e especialmente os valores da alegria da vida, do
respeito pela criança ainda por nascer, o importante papel da família e um profundo
sentido de comunhão e solidariedade que estão presentes nas culturas africanas”.
De
fato, a idéia de fundo desse Congresso é a de aprofundar “a dimensão cultural de um
desenvolvimento sustentável, indispensável para o futuro do Continente africano”.
Não por acaso, o encontro foi organizado para se realizar em Bagamoyo, cidade portuária
situada na costa nordeste da Tanzânia, tristemente conhecida no passado pelo comércio
de escravos destinados aos mercados de Zanzibar.
Ali, em 1868 foi aberta uma
missão justamente para tutelar as vítimas do tráfico de escravos. E hoje como na época
a Igreja está comprometida em preservar a dignidade do homem de formas antigas e modernas
de escravidão, “que em nossos dias _ ressaltam os promotores do Congresso _ se manifesta
também com a face de um secularismo sempre mais radicado, lesivo da liberdade inviolável
da pessoa humana”.
Daí, a escolha do tema desenvolvido na conferência de Dom
Gianfranco Ravasi, sobre “Os desafios culturais do secularismo propagados mediante
a mundialização”.
Em relação ao passado, “hoje os homens estão cada vez mais
convencidos da inutilidade de combater Deus, como faziam os ateístas militantes, porque
basta saber que Deus está reduzido à impotência, excluído do nosso mundo. Criou-se
deste modo uma atmosfera de indiferença, característica da atual cidade secularizada,
que não mais vive contra Deus, mas simplesmente sem Deus” _ observa o prelado.
“Neste
contexto _ explica o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura _ a Igreja vê
diante de seus olhos o poder corrente da globalização, que carrega consigo um certo
número de contravalores em detrimento das pessoas e da comunidade humanas.”
Entre
os desafios apresentados pela mundialização, Dom Ravasi indica o ofuscamento do bem
comum, os comportamentos sociais conduzidos por lógicas de mercado, a destruição de
modelos de vida transmitidos pela família, escola e paróquia, a exaltação do individualismo.
E
são os países mais pobres, como grande parte dos países africanos, os que sofrem os
efeitos mais perigosos de uma globalização mal-entendida, que leva “à destruição de
valores veiculados pelas tradições culturais ancestrais, à desestabilização das consciências
e ao desarraigamento cultural de inteiras gerações induzidas numa espiral que as conduz
da pobreza à miséria”.
Mas é justamente nesse cenário crítico, onde a secularização
se globaliza _ conclui o Arcebispo Ravasi _, que a Igreja tem a possibilidade de descobrir,
não somente em seu seio, os lugares “para fazer germinar o humanismo cristão” e “propor
novamente os grandes valores morais”, fazendo ressoar “a Palavra de Deus, capaz de
fecundar os desertos da indiferença e da superficialidade”. (RL)