CARITAS DA AMÉRICA LATINA CONDENA POLÍTICA EUROPÉIA QUE CRIMINALIZA IMIGRANTES ILEGAIS
Merlo-Moreno, 22 jul (RV) - Os membros da Cáritas da América Latina e do Caribe
fizeram um apelo ao Parlamento Europeu a fim de que desista da política de criminalizar
os imigrantes ilegais e as migrações.
Tal apelo foi feito num comunicado assinado
pelo presidente do organismo, dom Fernando Maria Bargalló, bispo de Merlo-Moreno,
na Argentina. A nota foi escrita depois da aprovação pelo Parlamento Europeu em 18
de junho passado da lei que cria novas regras para a repatriação de imigrantes ilegais.
Tal lei prevê ainda um período de detenção de um ano e meio para as pessoas
que se encontram em situação irregular, além impedi-las de entrar na Europa durante
cinco anos.
"Deploramos com veemência tal política da União Européia de considerar
os imigrantes ilegais como delinqüentes, promovendo a expulsão, medidas de detenção
e a proibição de uma nova entrada na Europa", afirmam os membros do Secretariado Latino-Americano
e Caribenho da Cáritas (SELACC). Tais medidas serão também aplicadas aos menores de
idade.
"As nossas tradições religiosas ensinam que devemos acolher com amor
os nossos irmãos e irmãs. Todos os dias somos testemunhas dos sofrimentos das famílias
de imigrantes que perderam seus entes queridos, de imigrantes que são explorados em
seus trabalhos ou caíram nas mãos dos traficantes de seres humanos", lê-se ainda no
comunicado.
A Cáritas adverte que se o fenômeno da imigração não for afrontado
seriamente os imigrantes latino-americanos, africanos e asiáticos repatriados voltarão
sucessivamente se não melhorarem as condições de vida em seus países.
Os membros
do organismo pedem ao Parlamento Europeu que estude junto com os países de origem
dos imigrantes, medidas que promovam o desenvolvimento équo e solidário, além de criar
oportunidades aos imigrantes ilegais que trabalham e residem nos países da União Européia
de serem regularizados mediante critérios racionais. A Caritas pede ainda para que
seja reduzido o tempo necessário para a reunificação familiar e que sejam desenvolvidas
nas fronteiras, políticas de segurança coerentes com os direitos humanos.
"Como
organização de índole religiosa, caritativa e solidária chamamos a atenção sobre a
dimensão ética do Parlamento Europeu a fim de que sejam colocadas em prática políticas
que protejam a dignidade humana", conclui o comunicado. (MJ)