SACERDOTE ITALIANO FALA SOBRE COMBATE À POBREZA E CONSTRUÇÃO DA PAZ, À LUZ DO TEMA
DO DIA MUNDIAL DA PAZ 2009
Roma, 1º jul (RV) - “Combater a pobreza, construir a paz” é o tema _ divulgado
hoje _ escolhido por Bento XVI para o próximo Dia Mundial da Paz, de 1º de janeiro
de 2009. Tema que quer solicitar “uma resposta urgente” “para a grave questão da pobreza”,
“não mera fatalidade” nem um fenômeno a ser atribuído apenas a fatores técnicos ou
econômicos.
O escândalo da pobreza _ lê-se numa nota explicativa _ manifesta
“a ineficácia dos atuais sistemas de convivência humana em promover a realização do
bem comum”. “A resposta deve então ser buscada _ solicita a nota _ sobretudo na conversão
do coração do homem ao Deus da caridade.”
A esse propósito, a Rádio Vaticano
entrevistou o fundador da Associação “Bem-aventurados os construtores de paz”, Pe.
Albino Bizzotto. A nota que acompanha o tema ressalta que quando falamos de pobreza
devemos entendê-la certamente como problema material, mas antes de tudo como problema
moral e espiritual. Por que, Pe. Bizzotto, essa observação?
Pe. Albino Bizzotto:-
“Creio que o ponto nodal seja se nós escolhemos as pessoas antes de tudo ou se existem
outras coisas que nos importam mais do que as pessoas. Não basta somente trabalhar
contra a pobreza, mas creio que seja determinante reconhecer-nos como pobres e, nesse
sentido, então, que precisamos uns dos outros. Aí então as pessoas adquirem imediatamente
importância, dignidade e somos também capazes de novas coisas, nos querendo bem.”
P.
Pobreza e desnutrição não são uma mera fatalidade. Segundo a sua experiência, onde
estão as maiores faltas? Pe. Albino Bizzotto:- “A primeira falta, sem
dar a culpa a ninguém, é que cada um de nós cresceu dentro de um sistema no qual somos
os privilegiados e os outros devem sofrer, pagar, trabalhar para assegurar os nossos
privilégios. Nesse tipo de mundo quem mais deve mudar não são os pobres, mas somos
nós que nos encontramos na estratificação estrutural dos ricos. E a segunda coisa
é que a política, ou seja, a organização das nações e dos Estados, não deve continuar
empregando energias, atividades e recursos somente para uma segurança fundada na força
e fundada nas armas de destruição, ao invés de empregar toda a capacidade humana,
mas também técnica, em favor da vida e das necessidades diárias das pessoas.”
P.
Na realidade, há muito tempo, não somente em âmbito eclesial, mas também político
e econômico, se evidencia uma estreita relação entre pobreza e paz. De fato, é o que
lemos em numerosos documentos da ONU. Mas das palavras dificilmente se passa aos fatos... Pe.
Albino Bizzotto:- “A nossa paz é fundada na força e imposta com a força: não é
paz. E esse é o drama que estamos vivendo e inverter a ótica dos responsáveis tanto
pela economia quanto pela política em direção a um respeito pelas necessidades elementares
das pessoas, creio que seja a necessidade mais urgente que temos. Hoje, todos estamos
comprometidos com as coisas mais elementares: a água, o ar, a terra, como lugar de
onde vêm as coisas para a vida de todos. Se continuarmos com a lógica que até este
momento tem sido a que fez tomar as decisões mais importantes, creio que não teremos
futuro.”
P. Talvez com um impulso de responsabilidades individuais que parte
de baixo possamos mexer com os vértices políticos e econômicos que decidem o futuro
do planeta... Pe. Albino Bizzotto:- “Creio que o bom e o ruim se encontrem
em todos os lugares, na base como no vértice. O importante é que sejamos determinados.
E para nós cristãos esta escolha da pobreza é também o anúncio de uma felicidade,
isto é, a partilha com todos até o ponto de sermos capazes de não ter medo por nós
mesmos, mas de partilhar tudo. Creio que o fundamento de toda a história do cristianismo
seja a felicidade, que é fundamento também da novidade do anúncio cristão.” (RL)