França assume presidência da UE, com prioridades assumidas: imigração, alterações
climáticas, defesa e agricultura, para além da reflexão”, sobre o futuro da Estratégia
de Lisboa e da modernização da economia europeia
(1/7/2008) A França assume a partir deste dia 1 de Julho a presidência da União Europeia,
até final do ano, sucedendo à Eslovénia. A presidência francesa pretende “iniciar
a reflexão”, durante o segundo semestre do corrente ano, sobre o futuro da Estratégia
de Lisboa de modernização da economia europeia pós-2010. Fonte diplomática francesa
revelou que Paris irá lançar a discussão sobre o que fazer à chamada Estratégia de
Lisboa decidida em 2000 na capital portuguesa. Os líderes dos 27 concordaram em Março
último que os progressos alcançados no âmbito da Estratégia de Lisboa Renovada para
o Crescimento e o Emprego deverão ser mantidos após 2010, nomeadamente o compromisso
a favor das reformas estruturais, do desenvolvimento sustentável e da coesão social. A
crise aberta com a vitória do "não" retira a Paris a possibilidade de liderar os 27
na preparação da entrada em vigor desse compromisso, sobretudo na escolha, até ao
fim do ano, das pessoas que iriam ocupar os cargos de grande visibilidade de presidente
do Conselho e ministro dos Negócios Estrangeiros europeus. Mas apesar deste contratempo,
a que se soma o aviso do Tribunal Constitucional alemão de que está a avaliar a constitucionalidade
do documento forçando a um adiamento da assinatura, Paris irá apostar no sucesso das
prioridades escolhidas: a imigração, alterações climáticas, defesa e agricultura.
Hoje, primeiro dia da nova Presidência, que substitui a Eslovénia na direcção política
dos 27, o governo francês reúne-se em Paris com a Comissão Europeia liderada por Durão
Barroso. O presidente Nicolas Sarkozy irá lançar no próximo dia 13 o seu projecto
de União para o Mediterrâneo, numa cimeira em que foram convidados os chefes de Estado
e de Governo dos 27 e de 17 países da orla do Mediterrâneo que não pertencem à UE.
A ambição inicial de Paris tem sido reduzida a pouco e pouco, tratando-se agora de
reforçar o Processo de Barcelona já existente de cooperação entre a margem Norte e
a Sul do Mediterrâneo. Mas nos próximos seis meses Paris irá, em primeiro lugar,
ter de fazer a gestão da "operação de salvamento" do Tratado de Lisboa. De resto,
ainda ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros francês disse ser "injusto" atribuir
à Comissão Europeia a responsabilidade pelo falhanço do referendo na Irlanda. Os
dirigentes irlandeses, por seu lado, deverão revelar, na Cimeira Europeia de 15 e
16 de Outubro, em Bruxelas, a forma como o pretendem ratificar. Uma das principais
prioridades da França é alcançar um "pacto para a imigração" com medidas que permitam
tornar mais eficaz o repatriamento dos imigrantes clandestinos e a assinatura de "contratos
de integração" pelos recém-chegados, comprometendo-se estes a aprender a língua e
os valores nacionais e europeus. Esse pacto deverá propor a organização da imigração
legal em função das necessidades de trabalho de cada país, melhorias no controlo das
fronteiras externas da UE, a promoção de um regime comum de asilo e a promoção do
co-desenvolvimento. Quanto às alterações climáticas, a França pretende transpor
para o plano legislativo decisões tomadas nos últimos anos. Na área da defesa, Paris
defende que a Europa continua longe de ter meios militares que correspondam à sua
dimensão económica. Paris quer ainda que a UE tenha uma agricultura forte, enquanto
que o Reino Unido, o eterno adversário da Política Agrícola Comum , pretende o oposto.