PE. FEDERICO LOMBARDI: INTIMIDAÇÕES EM ZIMBÁBUE SÃO INACEITÁVEIS
Cidade do Vaticano, 28 jun (RV) - O controverso segundo turno eleitoral realizado
ontem em Zimbábue foi acompanhado com atenção não somente pela Igreja no país africano,
mas também pela Santa Sé. O diretor da Sala de Imprensa vaticana e da Rádio Vaticano,
Pe. Federico Lombardi, comentou a situação no país, citando recentes palavras de Bento
XVI dedicadas à África:
Pe. Federico Lombardi:- "'Sem justiça, sem luta
contra toda forma de corrupção, sem o respeito pelas regras do Direito é impossível
construir uma paz verdadeira, e é claro que os cidadãos terão dificuldade em confiar
em seus dirigentes; além disso, sem o respeito pela liberdade de todo indivíduo, não
pode haver paz.' Foi o que disse Bento XVI recebendo o novo embaixador do Gabão junto
à Santa Sé, mas se dirigindo a todas as autoridades do continente africano. O pensamento
dirige-se espontaneamente para Zimbábue, que vive um período dramático de eleições
presidenciais que se realizam num clima de violência e intimidação inaceitáveis. Muitas
vozes têm se elevado para denunciar a situação. Os bispos católicos da África do Sul
declaram estas eleições como uma farsa jurídica e revelam que a 'desesperada situação
de violência, de penúria e de insegurança poderiam levar a uma vasta crise humanitária
em toda a região do sul da África'."
Zimbábue tinha uma agricultura e uma economia
invejadas por muitos outros países da África; poderia encontrar-se no caminho certo
do desenvolvimento; encontra-se agora numa situação dramática, principalmente por
responsabilidade de seu próprio governo. O papa, ao discursar na ONU em abril passado,
falou com franqueza da "responsabilidade de proteger" que recai sobre a comunidade
internacional quando um povo parece abandonado a um poder incapaz de prover o bem
comum. Esse princípio é agora evocado pelo Conselho Ecumênico das Igrejas, no caso
concreto de Zimbábue. Estamos assistindo a um novo capítulo dos dramas da África.
Saberemos encontrar finalmente a decisão necessária para ajudar os africanos a enfrentá-los
eficazmente?, pergunta-se Pe. Lombardi. (RL/BF)