Igreja lamenta «instrumentalização» de quem parte do seu país e salienta a importância
de olhar o fenómeno migratório numa perspectiva social
(28/6/2008) O Fórum de Organizações Católicas para a Imigração (FORCIM) condenou
a recente aprovação da Directiva do Parlamento Europeu e do Conselho relativa ao regresso
de imigrantes em situação ilegal, frisando que a mesma reforça a “instrumentalização”
destas pessoas, ignorando os dramas humanos que tantas vezes as acompanham. “Lamentamos
que a presente Directiva não apresenta um avanço significativo na implementação de
princípios comuns a nível da União Europeia para a deportação de imigrantes e a protecção
dos direitos fundamentais dos migrantes”, refere este Fórum, no final de uma reunião
de trabalho que decorreu esta Sexta-feira, 27 de Junho, em Lisboa. Em comunicado
estes responsáveis sublinham que é importante olhar o fenómeno migratório numa perspectiva
social, vendo nos migrantes pessoas que se deslocam para construir ou reconstruir
um projecto de vida. As medidas de controlo dos fluxos migratórios devem levar em
conta, neste sentido, o apoio e o compromisso dos países europeus em relação ao desenvolvimento
dos países de origem dos imigrantes. Os membros do FORCIM criticam uma concertação
dos Estados-Membros da UE “nivelada pelo mínimo” e afirmam que as leis e orientações
comunitárias devem reflectir mais os valores subjacentes à construção da política
europeia. Noutro sentido, lembram que muitas das situações de irregularidade são
provocadas por inadequação dos canais legais, com excessos de burocracia e mecanismos
institucionais. Num outro ponto, o Fórum chama a atenção para a questão da integração,
pedindo investimento neste vector de dois sentidos, de forma a que espelhe valores
humanos e humanizantes. O Fórum de Organizações Católicas para a Imigração (FORCIM)
é composto pelas seguintes instituições: Capelania dos Imigrantes Africanos; Caritas
Portuguesa; Centro Padre Alves Correia; Comissão Justiça e Paz da Conferência dos
Religiosos Portugueses; Comissão Episcopal da Mobilidade Humana; Comissão Nacional
Justiça e Paz; Coordenação Nacional dos Imigrantes Ucranianos; Fundação Ajuda à Igreja
que Sofre; Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos; Obra Católica
Portuguesa de Migrações; Rede África-Europa Fé e Justiça; Rede Hispano-Lusa das Mulheres
Vítimas de Tráfico; Serviço Jesuíta aos Refugiados.