2008-06-22 18:47:34

ANGELUS: "QUEM CRÊ NADA TEME". O PESAR DO PAPA PELO NAUFRÁGIO NAS FILIPINAS


Cidade do Vaticano, 22 jun (RV) - Bento XVI assomou à janela de seu gabinete de trabalho, ao meio-dia de hoje, para rezar a oração do Angelus com os fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro. Apesar do grande calor do verão europeu, que acaba de começar, os milhares de fiéis seguiram com atenção a reflexão dominical do papa.

Antes da oração mariana, o Santo Padre comentou a Liturgia de hoje, em que o evangelista Mateus apresenta dois convites de Jesus que parecem contrapostos: a não temer e a temer.

Assim, disse o Santo Padre, somos estimulados a refletir sobre a diferença existente entre os medos humanos e o temor a Deus. O medo é uma dimensão natural da vida. Desde criança, a gente experimenta formas de medo, que, depois, se revelam imaginárias e desaparecem.

Por outro lado, disse o pontífice, existe um tipo de medo mais profundo, de tipo existencial, que, às vezes, acaba em angústia: ele nasce de um sentido de vazio, ligado a uma cultura permeada por um difundido niilismo teórico e prático.

Diante de um panorama amplo e diversificado dos medos humanos, explicou Bento XVI, a Palavra de Deus é clara: quem teme a Deus não tem medo. E acrescentou: "O temor a Deus, que as Escrituras definem como 'princípio de verdadeira sabedoria', coincide com a fé n'Ele, com o respeito sagrado por sua autoridade sobre a vida e sobre o mundo".

Não temer a Deus, explica ainda o papa, equivale a colocar-se no seu lugar, a sentir-se dono do bem e do mal, da vida e da morte. Mas quem teme a Deus sente uma segurança, como aquela que uma criança sente nos braços de sua mãe.

Quem teme a Deus, afirmou o Bispo de Roma, permanece tranqüilo, mesmo em meio às tempestades, porque Deus, como Jesus revelou, é um Pai repleto de misericórdia e de bondade. Quem O ama não tem medo: "Quem crê, portanto, nada teme, porque sabe que está nas mãos de Deus; sabe que o mal e o irracional não têm a última palavra, pois o único Senhor do mundo e da vida é Cristo, que nos amou a ponto de se sacrificar, morrendo na Cruz para a nossa salvação".

Quanto mais crescemos nesta intimidade com Deus, impregnada de amor, mais vencemos toda forma de medo. Fortalecido por esta presença de Cristo e confortado pelo seu amor, nem mesmo o Apóstolo dos Gentios, Paulo, temeu o martírio.

A propósito, dentro de poucos dias será inaugurado o Ano Paulino, para celebrar o bimilenário de seu nascimento. "Que este grande evento espiritual e pastoral possa suscitar em nós uma renovada confiança de Jesus Cristo, que nos chama a anunciar e testemunhar o seu Evangelho sem nada temer", disse o papa.

O Santo Padre convidou os fiéis a se prepararem com fé para a celebração do Ano Paulino, que será inaugurado por ele no próximo sábado, às 18 horas locais, na Basílica papal de São Paulo fora dos Muros, em Roma. Na ocasião, Bento XVI vai presidir à Liturgia das Primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo.

Depois da oração do Angelus, Bento XVI lamentou a notícia do naufrágio de um navio atingido, esta manhã, pelo tufão Fengshen no arquipélago das Filipinas: "Enquanto asseguro a minha solidariedade para com as populações das ilhas atingidas pelo tufão, elevo ao Senhor uma oração especial pelas vítimas desta nova tragédia marítima, na qual foram envolvidas numerosas crianças".

A seguir, o Bispo de Roma lembrou que hoje em Beirute, no Líbano, foi proclamado bem-aventurado um filho daquela terra: Yaaqub de Ghazir Haddad, no civil Khalil, sacerdote da Ordem dos Franciscanos Menores Capuchinhos e fundador da Congregação das Irmãs Franciscanas da Cruz do Líbano. A elas, o Papa expressou suas felicitações e pediu ao novo bem-aventurado e aos demais santos libaneses para que aquele amado, sofrido e martirizado país possa empreender, finalmente, uma paz estável. (MT/BF)







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