DOM MARCHETTO DIZ QUE LEIS INTERNACIONAIS DEFENDEM SEMPRE MENOS OS DIREITOS DOS REFUGIADOS
Cidade do Vaticano, 20 jun (RV) - Celebra-se hoje o Dia Mundial dos Refugiados,
promovido pela ONU, que este ano ressalta a necessidade fundamental de dar proteção
aos refugiados e deslocados.
O último Relatório do Alto Comissariado da ONU
para Refugiados (ACNUR) refere que os deslocados e refugiados no mundo no fim de 2007
superaram a cifra de 37 milhões. Trata-se de um dado que de certo modo surpreende,
porque se dá após cinco anos consecutivos de queda no número de refugiados. Como se
justifica esse aumento? Quem responde é a porta-voz na Itália do ACNUR, Laura Boldrini:
Laura
Boldrini:- "Houve um aumento de cerca de dois milhões e meio de pessoas. Muito
se deve, infelizmente, ao caos iraquiano, que continua provocando a fuga de pessoas.
Devo recordar que o que está acontecendo no Iraque é alarmante: estamos diante do
maior deslocamento de população no Oriente Médio desde 1948, quando foi criado o Estado
de Israel. Estamos falando de cerca de quatro milhões e meio de pessoas fora de suas
habitações, das quais cerca da metade dentro do próprio país e outra metade nos países
confinantes. A Síria e a Jordânia, notoriamente, são países que não têm grandes recursos,
portanto, têm que administrar essa fuga, que se torna um fardo pesado, uma sobrecarga
difícil. Por isso, a comunidade internacional deveria assumir também a tarefa de ajudar
economicamente esses países que têm estruturas que são colocadas à dura prova especialmente
na área da educação, da saúde. Ao invés, parece não se dar tanta atenção para essa
questão."
Sobre o Dia Mundial dos Refugiados, eis a reflexão do secretário
do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Agostino
Marchetto:
Dom Agostino Marchetto:- "A primeira expressão de solidariedade
para com os refugiados é a proteção. Que este seja o tema de reflexão confiado este
ano à nossa consideração por parte das Nações Unidas é significativo, porque chama
a nossa atenção para a necessidade fundamental de quem é perseguido. Pedi recentemente
aos representantes da Europa um suplemento de alma à legislação internacional, hoje
colocada em crise por algumas interpretações, para evitar que a mesma caia em níveis
de proteção não mais compatíveis com o seu humanismo, com o seu ser porta-bandeira
no mundo de um humanismo que para nós é evangélico. Proteger é um ato que se deve
a quem é perseguido e tem o direito de ser protegido. Assumamos isso também hoje,
mesmo numa época não fácil de fluxos migratórios mistos." (RL/BF)