Bento XVI falou sobre a identidade e missão das Rádios católicas hoje, aos participantes
no Congresso realizado em Roma sobre este tema
(20/6/2008) “A rádio participa da missão da Igreja e da sua visibilidade, mas gera
também uma nova maneira de viver, de ser e de fazer Igreja” – uma das observações
expressas por Bento XVI ao receber, nesta sexta-feira, no Vaticano, os participantes
no Congresso Internacional para os responsáveis das Rádios Católicas, promovido pelo
Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, para reflectir sobre a identidade e
a missão das Rádios Católicas hoje. Através destas – comentou o Papa – os ouvintes
dos diversos países e continentes “aprendem a conhecer melhor a Cristo, a escutar
o Papa e a amar a Igreja”. Detendo-se a considerar a importância da palavra na
comunicação, Bento XVI fez notar que o homem foi constituído para entrar em relação
com o outro, e fá-lo sobretudo por meio da palavra. “Na sua simplicidade e aparente
pobreza, a palavra, inscrevendo-se na gramática comum da linguagem, coloca-se como
instrumento que realiza a capacidade de relação dos homens. Esta assenta na riqueza
partilhada de uma razão criada à imagem e semelhança do Logos eterno de Deus, isto
é, daquele Logos no qual tudo é criado, livremente e por amor”. Um Logos
que não permaneceu alheio às vicissitudes humanas, mas que, por amor, se comunicou
aos homens, fazendo-se “carne”. No amor por Ele revelado e dado em Cristo, o Logos
continua a convidar os homens a relacionar-se de modo novo com Ele e entre si. “Queridos
amigos, trabalhando nas Emissoras católicas, estais ao serviço da Palavra. As palavras
que pondes em onda cada dia são um eco daquela Palavra eterna que se fez carne. As
vossas próprias palavras só produzirão fruto na medida em que estiverem ao serviço
do Palavra eterna, Jesus Cristo”. Há que semear a palavra, a tempo e fora de tempo.
As palavras transmitidas pelas Rádios católicas atingem inumerável número de pessoas,
muitas das quais não frequentam a Igreja, pertencem a outras religiões ou nem sequer
chegaram ainda a ouvir o nome de Jesus Cristo. “Este trabalho de paciente sementeira,
dia a dia, hora a hora, é o vosso modo de cooperar na missão apostólica” – observou
o Papa, dirigindo-se aos responsáveis das Emissoras católicas. “Se as múltiplas
formas e tipos de comunicação podem ser um dom de Deus ao serviço do desen volvimento
da pessoa humana e da humanidade inteira, a rádio, através da qual exerceis o vosso
apostolado, propõe uma proximidade e uma escuta da palavra e da música, para informar
e distrair, para anunciar e denunciar, mas sempre no respeito da realidade e numa
clara perspectiva de educação para a verdade e para a esperança”. “Não basta utilizar
os meios de comunicação para difundir a mensagem cristã e o ensino autêntico da Igreja
– advertiu o Papa. É também necessário integrar esta mensagem na nova cultura
gerada pelas comunicações modernas”. “Em razão do seu elo com a palavra, a rádio
participa na missão da Igreja e na sua visibilidade, mas gera igualmente uma nova
maneira de viver, de ser e de fazer Igreja; comporta implicações eclesiológicas e
pastorais. É importante tornar atraente a Palavra de Deus dando-lhe corpo através
das vossas realizações e emissões para tocar o coração dos homens e das mulheres do
nosso tempo, e para participar na transformação da vida dos nossos contemporâneos”.