2008-06-19 14:01:18

CONGRESSO EUCARÍSTICO DE QUÉBEC: RECORDAÇÃO DOS MÁRTIRES DA ARGÉLIA


Québec, 19 jun (RV) - A Eucaristia não é uma lembrança do passado, é a presença real de Cristo, que ao mesmo tempo explica a entrega dos mártires, como aconteceu em anos passados na Argélia: foi o que disse o arcebispo de Lyon, cardeal Philippe Barbarin falando nesta semana no Congresso Eucarístico Internacional, que se realiza em Québec, recordando o sacrifício de 19 filhos da Igreja desse país africano, assassinados nos anos 90, durante a violência islâmica.

Em particular, Dom Barbarin atribuiu à Eucaristia a motivação que levou os monges do mosteiro cisterciense de Tibhirine a darem a vida. Eles foram assassinados na primavera de 1996, apesar de que poderiam ter abandonado aquele lugar para um local mais seguro.

“A presença deles era uma oferenda simples, discreta e compreendida por todos. E o sacrifício tocou o mundo inteiro. Apresentar o cristianismo sem a cruz ou falar do sacrifício eucarístico sem dizer até onde ele pode nos levar seria uma mentira”, advertiu.

O próprio Dom Henri Teissier, até pouco arcebispo de Argel, constatou o purpurado francês, durante mais de quinze anos esteve diariamente em perigo. “Neste ambiente espiritual, celebrava a Eucaristia cada dia. Os mártires cristãos da Argélia entregaram sua vida por causa de uma fidelidade evangélica a um povo ao qual Deus havia enviado para servir e amar”, declarou.

O cardeal Philippe Barbarin citou o prior de Tibhirine, Pe. Christian de Chergé, que havia escrito: “Se um dia eu for vítima de terrorismo, gostaria que minha comunidade, minha Igreja, minha família, recordassem que minha vida havia sido entregue a Deus e a este país, a Argélia”. Segundo o purpurado ele “devia pensar com freqüência nos argelinos quando pronunciava as palavras da consagração: ‘Isto é meu corpo que será entregue por vós’”.

“Todos haviam aprendido árabe – explicou; o irmão Luc, monge e médico, o mais idoso da comunidade de Tibhirine, atendia gratuitamente os doentes da região. Quando o ambiente se tornou perigoso, eles decidiram ficar”.

“Dom Pierre Claverie, bispo de Orã, pouco antes de ser assassinado no outono desse mesmo ano, em 1996, disse: “Para que o amor vença o ódio, é preciso amar até entregar a própria vida em um combate do qual o próprio Jesus não saiu ileso”.

Após seu assassinato, nenhuma religiosa, nenhum sacerdote, nenhum leigo abandonou seu lugar na diocese de Orã, conforme o que ele havia escrito: ‘Estabelecemos aqui laços com os argelinos que ninguém poderá destruir, nem sequer a morte. Nisso somos discípulos de Jesus, nada mais’.

“Esta atitude de discípulos, 20 séculos depois, nos ajuda a compreender a Eucaristia do Senhor”, assegurou o cardeal francês Philippe Barbarin. (SP)







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