FAZER CONHECER E AMAR A PALAVRA DE DEUS: APRESENTADO INSTRUMENTUM LABORIS DO
SÍNODO DOS BISPOS
Cidade do Vaticano, 12 jun (RV) - Conhecer e amar a Palavra de Deus para reforçar,
através dela, a comunhão eclesial, revigorar a missão, renovar a fantasia da caridade
para ir ao encontro dos problemas do homem de hoje: o Sínodo dos Bispos, que se realizará
em Roma de 5 a 26 de outubro, pretende favorecer esses objetivos.
Com o tema
"A palavra de Deus na vida e na missão da Igreja", o Sínodo terá uma índole pastoral
e missionária, como explica o Instrumentum Laboris (Instrumento de trabalho)
apresentado esta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé.
O documento contém
também diversas citações de Bento XVI e o seu convite à Igreja a renovar-se fazendo
votos de uma nova primavera espiritual.
-Ele é fruto da reflexão de 13 Sínodos
dos bispos das Igrejas Orientais Católicas sui iuris, das 113 Conferências
episcopais, dos 25 organismos da Cúria Romana e da União dos Superiores Gerais.
O
Instrumentum Laboris da XXII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos
endereçará os prelados a um trabalho pastoral e missionário.
Refletindo sobre
a Palavra de Deus os bispos deverão refletir sobre como estimular o amor profundo
pela Sagrada Escritura para que os fiéis tenham amplo acesso a ela, como promover
a Lectio Divina, e sobre como fazer redescobrir o nexo entre Palavra de Deus
e liturgia.
Foi o que ressaltou o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Dom
Nikola Eterović, que explicou o conteúdo do Instrumentum Laboris. Dividido
em três partes, desenvolve: 1) O Mistério de Deus que nos fala; 2) A Palavra de Deus
na vida da Igreja; 3) A Palavra de Deus na missão da Igreja.
Ressaltando que
hoje a Bíblia _ o livro mais difundido e traduzido _ pode ser lida em 2.454 línguas
e que as línguas no mundo são 6.700, Dom Eterović ressaltou que ela é pouco lida;
na Itália, por exemplo, somente 38% dos praticantes a teriam aberto nos últimos 12
meses. Mas como “atestação da relação entre Deus e o homem” a Escritura “a ilumina
e orienta de modo certo” _ disse o prelado _, por isso o fiel deve rever a sua atitude
diante da Palavra de Deus:
“Essa relação é caracterizada pela escuta: a Deus
que revela é devida a ‘obediência da fé’; pela fé, o homem entrega-se total e livremente
a Deus (cf. Dei Verbum 5). Isso se dá em nível pessoal e comunitário, na comunhão
da Igreja. Portanto, a Palavra de Deus transforma a vida daqueles que a escutam e
buscam colocá-la em prática.”
E a palavra de Deus _ prosseguiu o prelado _
deverá impregnar os múltiplos serviços da Igreja, por isso deverá ser valorizada na
liturgia e nos sacramentos, para levar também “a uma sempre melhor diaconia, serviço
da caridade, que é nota essencial da Igreja querida por Cristo”.
Depois, o
Instrumentum Laboris dedica um capítulo “às relações ecumênicas e inter-religiosas
sem esquecer os nexos da Bíblia com aqueles que se declaram distantes da Igreja ou
até mesmo não-fiéis”. “Trata-se do diálogo que normalmente acompanha a missão”, afirmou
Dom Eterović, acrescentando que “a Sagrada Escritura é um importante vínculo de unidade
com os outros cristãos, membros das Igrejas e comunidades cristãs”.
Foram feitas
também “importantes considerações em relação aos fiéis pertencentes às religiões tradicionais
e às que têm as suas sagradas escrituras (o Hinduísmo, o Budismo, o Jainismo, o Taoísmo)
e, de modo particular, o Islã”.
“Embora o cristianismo seja mais a religião
da pessoa de Jesus Cristo e não do Livro” _ prosseguiu o secretário-geral do Sínodo
dos Bispos, todavia, a Sagrada Escritura permanece “um ponto importante no diálogo
inter-religioso”, assim como é importante “para a cultura de numerosos povos”:
“Sobretudo
para a cultura do chamado Ocidente para o qual tal Livro representa o ‘grande código’,
fundamento comum para a busca de um autêntico humanismo ao qual, como afirma o Santo
Padre Bento XVI, o cristianismo tem a oferecer ‘a mais potente força de renovação
e de elevação, isto é, o amor a Deus que se faz amor humano’.” (RL)