EXPECTATIVAS E ESPERANÇAS DA IGREJA EM BANGLADESH CARACTERIZAM VISITA 'AD LIMINA'
DOS BISPOS DO PAÍS
Cidade do Vaticano, 10 jun (RV) - Teve início ontem, segunda-feira, a qüinqüenal
visita 'ad Limina' dos bispos de Bangladesh.
Entre os 49 Estados menos desenvolvidos
e um dos mais populosos do planeta, Bangladesh tem quase 140 milhões de habitantes,
com dimensão territorial aproximativamente igual à do Estado do Ceará. A expectativa
de vida em Bangladesh é de 62 anos, tendo à disposição menos de um médico e de um
leito hospitalar para cada três mil pessoas, e um telefone para cada 130 cidadãos,
com mais da metade da população analfabeta.
Um quadro desconfortante agravado
por um clima adverso, que origina enchentes desastrosas: ainda se recordam as enchentes
de dez anos atrás, que deixaram 30 milhões de bengaleses desabrigados, e ainda as
enchentes de 2004.
Acrescenta-se a isso um cenário político de instabilidade
crônica. República independente desde 1971, após uma insurreição, já havia sido anexada
ao Paquistão após o fim, em 1947, do domínio colonial britânico.
Sob governo
militar até 1990, as eleições de 91 vencidas pelo moderado Partido Nacional sancionaram
seu retorno à legalidade constitucional, mas os ásperos contrastes entre o centro-direita
guiado pelo Partido BNP e as oposições de inspiração socialista e pró-indiana levaram
o país em várias ocasiões à beira da guerra civil.
Em janeiro passado, o governo
de transição, diante de violentas manifestações de praça, declarou estado de emergência,
ainda hoje em vigor, marcado por repetidos protestos e confrontos entre manifestantes
e polícia, e por detenções de políticos acusados de corrupção.
No plano religioso,
Bangladesh é um país de maioria muçulmana; os hinduístas são cerca de 10%; os cristãos
são uma exígua minoria, cerca de 1%, dos quais 0,2% são católicos, cuja visibilidade
é assegurada pelas numerosas obras educacionais, de saúde e caritativas. Desde 1988,
a religião de Estado é o Islã, embora no papel permaneça garantida a liberdade religiosa.
Entre
os desafios pastorais para a Igreja Católica, encontra-se hoje, certamente, a inculturação
da fé e o diálogo ecumênico e inter-religioso diante do emergir do radicalismo muçulmano
e do incremento das seitas pseudocristãs. Outros temas prioritários são a formação
dos leigos, a promoção da família, uma maior atenção às mídias e às relações com a
sociedade civil. (RL/BF)