BENTO XVI INAUGURA CONGRESSO DIOCESANO DE ROMA, NA BASÍLICA DE SÃO JOÃO DE LATRÃO
Roma, 10 jun (RV) - Bento XVI inaugurou ontem à noite, na Basílica de São João
de Latrão, sede da Diocese de Roma, os trabalhos do Congresso diocesano, que, este
ano, tem como tema: "Jesus Ressuscitou: educar para a esperança na oração, na ação,
no sofrimento".
Em seu longo e denso discurso que pronunciou à assembléia
diocesana, na presença do Cardeal Camillo Ruini, vigário do papa para a diocese de
Roma, Bento XVI recordou que, por três anos consecutivos, o Congresso tratou do tema
da família. Agora, já há dois anos, a diocese está aprofundando o tema da educação
das novas gerações.
Trata-se de um tema, disse o Santo Padre, que envolve,
antes de tudo, as famílias, mas também diretamente a Igreja, a escola e toda a sociedade.
E acrescentou: "Procuramos responder, assim, àquela emergência educativa, que representa,
para todos, um desafio grande e iniludível. O objetivo que nos propomos este ano refere-se
à educação, no prisma da esperança teologal, que se nutre da fé e da confiança em
Deus, que, em Jesus, se revelou verdadeiro amigo do homem".
De fato, Jesus
ressuscitado é o fundamento da nossa fé e da nossa esperança. À luz deste princípio,
disse o papa, podemos compreender as verdadeiras dimensões da fé cristã, como esperança
que transforma e sustenta a nossa vida. E explicou:
"Concretamente, a esperança
de quem crê em Deus, que ressuscitou Jesus dos mortos, se prospecta para aquela felicidade
e alegria, plena e total, que nós chamamos vida eterna."
Precisamente por isso,
tal esperança investe, anima e transforma a nossa existência terrena, orienta e dá
significado não efêmero às nossas pequenas esperanças, para mudar e tornar menos injusto
o mundo em que vivemos. De modo análogo, frisou o papa, a esperança cristã diz respeito,
de modo pessoal, a cada um de nós, à nossa salvação; mas também é esperança comunitária,
esperança para a Igreja e para toda a família humana.
"Na sociedade e na cultura
de hoje e, conseqüentemente, na nossa amada cidade de Roma, não é fácil viver sob
o signo da esperança. Por um lado, prevalecem muitas vezes atitudes de desconfiança,
desilusão e resignação, que contradizem não apenas a grande esperança da fé, mas também
as pequenas esperanças."
Por outro lado, afirmou Bento XVI, as expectativas
de grandes novidades e de melhoramentos se concentram nas ciências e nas tecnologias
e, portanto, nas forças e nas descobertas do homem, como se somente ele pudesse solucionar
os problemas. Porém, recordou o pontífice, não é a ciência, mas o amor que redime
o homem.
Nesse sentido, o Santo Padre disse que para formar à esperança é preciso,
concretamente, a oração, com a qual nos abrimos e nos dirigimos Àquele que é origem
e fundamento da nossa esperança. E o justo modo de rezar é passar pelo processo da
purificação interior. Através da oração, aprendemos a manter o mundo aberto a Deus
e a nos tornarmos ministros da esperança.
Entre outros problemas existentes
na capital italiana, o papa citou algumas necessidades primordiais que devem ser abordadas
no atual Congresso diocesano e neste próximo ano pastoral:
"Procuremos, em
particular, promover uma cultura e uma organização social mais favorável à família
e ao acolhimento da vida, além de valorizar as pessoas idosas e dar resposta a outras
necessidades, como a falta de trabalho e de moradia; compartilhar do compromisso de
tornar a nossa Cidade mais segura e vivível, sobretudo em relação aos mais pobres
e ao imigrado, que vem entre nós com a intenção de encontrar espaço de vida, no respeito
das nossas leis."
Apesar de todas as dificuldades e falências, concluiu o papa,
sabemos que a esperança cristã vive também do sofrimento, que a educa, a fortifica
e a amadurece. Para que isto seja possível, é preciso reforçar a oração, grande dom
da esperança cristã. (MT/BF)