2008-06-09 09:56:13

POVO MILENAR "AINU" OBTÉM RECONHECIMENTO LEGAL NO JAPÃO


Tóquio, 09 jun (RV) - O Parlamento japonês reconheceu na última sexta-feira, o povo indígena ainu, milenar no arquipélago, mas privado de existência legal até hoje.

A resolução, aprovada por unanimidade, afirma pela primeira vez que os ainus “são um povo indígena com sua própria língua, religião e cultura”.

A maioria dos ainus vive na ilha de Hokkaido e na província de Aomori no extremo norte da ilha de Honshu, mas alguns também vivem no sul da ilha de Sacalina, na Rússia.
Tradicionalmente, sua crença era animista. Hoje quase 90% dos ainus praticam o Nichiren-Shu (denominação budista tradicional); o restante segue o xintoísmo tradicional e há alguns poucos cristãos.

Provavelmente a maior dificuldade para evangelizar os ainus decorre de sua introversão, conseqüência de uma história de preconceito e depreciação por parte dos japoneses. Isso porque embora hoje eles vivam de maneira semelhante aos japoneses nos aspectos cultural e social e seu físico seja muito semelhante ao do homem japonês, a maioria dos ainus dissimula suas origens, temendo o preconceito e o desprezo.

A resolução finalmente aprovada pelo Parlamento pede que o governo adote medidas imediatas para ajudar os ainus, que estão entre os habitantes mais pobres do Japão.

Apesar do caráter principalmente simbólico, o reconhecimento deve resultar em ajudas em termos de educação e emprego. Apenas 17% dos ainus conseguem diplomas universitários, ou seja, duas vezes menos que a média nacional.

O reconhecimento acontece pouco antes da reunião de cúpula do G8, que o Japão organiza de 7 a 9 de julho na ilha de Hokkaido, no norte, onde vive a maior parte dos 70 mil ainus do país.
Povo que vive tradicionalmente da caça e da pesca, os ainus se viram obrigados a abrir mão de suas terras, língua e modo de vida pela “lei sobre os antigos aborígenes de Hokkaido”, aprovada em 1899 em Tóquio.

Abolida em 1997, a lei foi substituída por outra que defendia a proteção das tradições ainus, mas que, no entanto não reconhecia este povo como indígena.
(CM)







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