Roma, 04 jun (RV) - Enquanto prossegue o encontro dentro da sede da FAO, em
Roma, do lado de fora agricultores e representantes de movimentos sociais realizam
hoje uma cerimônia simbólica diante do templo romano de Ceres, a deusa dos cereais
e da agricultura.
Um desses movimentos é o "Via Campesina", que divulgou um
comunicado denunciando a exclusão da sociedade civil no evento. "Via Campesina" é
uma organização internacional de camponeses, cujo objetivo é defender os interesses
desse segmento, alegando que ele ainda representa a maioria da população mundial e
que, historicamente, é mantido à margem dos benefícios da sociedade e das negociações
políticas nacionais e internacionais.
O movimento camponês recorda aos governos
e às instituições internacionais que a atual crise de alimentos e as mudanças climáticas
não são resultado de nenhum desastre natural inesperado. "São fruto de décadas da
'liberalização' do comércio e da integração vertical da produção, do processamento
e da distribuição pelas grandes empresas agrícolas. Portanto, os governos devem assumir
toda a responsabilidade e tomar medidas radicais para resolvê-la", afirmam em nota.
"Via
Campesina" acredita que a comercialização dos alimentos, sujeitos à ambição de lucros
e jogos financeiros, é uma das causas da alta dos preços dos alimentos básicos. "Agora,
a produção de alimentos compete com a de biocombustíveis, o que piora a crise. Os
governos estão desmantelando as políticas agrárias que apoiavam a produção de alimentos
e agora apóiam as transnacionais que produzem sementes, pesticidas, fertilizantes
e alimentos, para que sigam fortalecendo seu controle sobre a produção alimentar."
(CM/BF)