DIÁLOGO NA VERDADE E NA CARIDADE É TEMA DA PLENÁRIA DO PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O
DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
Cidade do Vaticano, 04 jun (RV) - Teve início esta manhã, em Roma, a plenária
do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. O tema é: "O diálogo na verdade
e na caridade: orientações pastorais".
Durante os trabalhos, se falará da elaboração
de um novo documento sobre as linhas mestras do diálogo com as outras religiões. A
plenária foi aberta pelo presidente do organismo vaticano, Cardeal Jean-Louis Tauran.
Na
inauguração, o Cardeal Tauran ressaltou que, como fiéis, sabemos que Deus "é o único
que dá o sentido último à nossa vida e à história humana", e estamos, portanto, "comprometidos
a buscar a verdade. A amá-la. A defendê-la. A transmiti-la".
Se, por um lado,
como cristãos "sabemos que o Espírito Santo opera em todo homem e em toda mulher independentemente
de seu credo religioso ou espiritual, por outro lado devemos proclamar que Cristo
é 'o Caminho, a Verdade e a Vida'. Jesus revelou-nos a verdade sobre Deus e a verdade
sobre o homem e essa é para nós a Boa Nova", enfatizou o purpurado francês.
"Não
podemos silenciar" essa verdade, afirmou. "A verdade é inseparável da caridade. Deus
é amor e verdade. A verdade inspira sentimentos, atitudes e ações de amor."
Em
seguida, o Cardeal Tauran disse que a tarefa principal da plenária será a elaboração
de "linhas mestras" para o diálogo inter-religioso. "Após muitos anos de hesitações
em relação à oportunidade de tal documento, chegou a hora de oferecer aos pastores
e aos fiéis algumas orientações gerais que, obviamente, deverão ser adaptadas às situações
locais."
A base dessas orientações será os Dez Mandamentos, que "são uma espécie
de gramática universal que todos os fiéis podem utilizar em sua relação com Deus e
com o próximo".
O presidente do referido organismo vaticano citou a encíclica
Veritatis Splendor de João Paulo II: "Somente Deus pode responder à pergunta
sobre o bem, porque Ele é o Bem. Mas Deus já respondeu a essa pergunta: e o fez criando
o homem e ordenando-o com sabedoria e com amor a seu fim, mediante a lei inscrita
em seu coração (cf Rm 2, 15), a 'lei natural'. Ela não é outra coisa que a luz da
inteligência infusa em nós por Deus. Graças a ela conhecemos aquilo que se deve fazer
e aquilo que se deve evitar. Essa luz e essa lei Deus a deu na criação".
Para
o purpurado, é importante preparar os fiéis "a partilhar as suas convicções espirituais
e a levar em consideração as dos outros". De fato, é necessário "dar-se conta de que
todos os fiéis têm um patrimônio comum: a fé num Deus único, a sacralidade da vida,
a necessidade da fraternidade, a experiência da oração, que é a língua da religião".
Por
fim, o Cardeal Tauran fez votos de que ao término da plenária se possa ter material
suficiente para a elaboração desse documento "para ajudar os católicos, e talvez outros
cristãos, a relacionar-se com pessoas e comunidades de outras religiões na verdade
e no amor". (RL/BF)