70 mil imigrantes de vários países africanos, vitimas da xenofobia na África do Sul
procuram acolhimento
(29/5/2008) O Governo da África do Sul pondera criar "centros de acolhimento" para
albergar perto de 70 mil imigrantes de vários países africanos vítimas da xenofobia
que assola o país desde 11 de Maio e que provocou mais de 55 mortos, seis centenas
de feridos graves e mais de 50 mil deslocados, entre os quais 32 mil moçambicanos
e algumas dezenas de angolanos.
"A criação de campos de refugiados, centros
de acolhimento ou seja lá qual for a designação oficial, parece, no entanto, praticamente
inevitável no cenário actual", disse um alto responsável dos serviços de polícia sul-africanos.
Em
terrenos anexos a esquadras de Polícia da zona metropolitana de Joanesburgo, a situação
é de crise, com milhares de pessoas que perderam todos os seus haveres e foram forçadas
a abandonar os seus locais de residência a viverem em tendas ou ao relento, sob temperaturas
a rondar os oito graus centígrados que se têm registado nas últimas semanas. O
Executivo sul-africano, que desde o agravamento da crise de refugiados do Zimbabwe,
há oito anos, sempre se recusou a tratar os zimbabueanos como "refugiados ou exilados
de facto", poderá agora ter que optar pelos campos de refugiados para os albergar.
Em Portugal o Presidente da Republica Cavaco Silva enviou uma mensagem ao seu
homólogo moçambicano Armando Guebuza expressando a solidariedade de Portugal para
com as vítimas moçambicanas na sequência da violência étnica na Àfrica do Sul. Uma
situação que o governo sul-africano não soube evitar....de resto reagiu tarde e mal
à onda de violência dos últimos quinze dias que atingiu sobretudo as comunidades africanas
oriundas de país vizinhos como Moçambique e o Zimbabué...
A critica é do Padre
Jeremias dos Santos Martins, um missionário comboniano que trabalha na cidade de Durban,
um das cidades afectadas por esta situação que já conta com 32 mil refugiados, e mais
dez mil emigrantes aguardam o transporte de regresso aos seus países.. Confrontos
que provocaram a morte a pelo menos 56 emigrantes, oito dos quais moçambicanos... Em
entrevista ao nosso correspondente Portugal Domingos Pinto, este missionário português
explica esta tensão com a degradação das condições sociais e politicas no país, onde
emerge o problema do desemprego