GOVERNO FRANCÊS PEDE CLEMÊNCIA PARA JOVEM ARGELINA SOB PROCESSO PORQUE ENCONTRADA
COM LIVROS CRISTÃOS
Paris, 26 mai (RV) - Paris pede à Argélia a libertação de uma argelina convertida
ao cristianismo, presa porque encontrada com livros cristãos.
A Secretária
de Estado francesa dos Direitos do Homem, Rama Yade, definiu como “triste e desconcertante”
o processo em andamento na Argélia contra Habiba Kouider, presa no início de abril
quando viajava de ônibus de Tiaret para Oran, porque encontrada com livros cristãos.
A sentença deverá ser pronunciada nesta terça-feira; Habiba Kouider pode ser condenada
a 3 anos de prisão.
A secretária de Estado francesa Rama Yade pede um gesto
de clemência, ressaltando que o processo contra Habiba é uma afronta à Declaração
Universal dos Direitos do Homem que, no artigo 18, proclama a liberdade de pensamento,
de consciência e de religião.
“O cristianismo não ameaça o Islã na Argélia
- disse a secretária de Estado francesa – acrescentando que “os cristãos na Argélia
são 1% da população, ou seja, cerca de 11 mil e 500 pessoas, com 32 igrejas ante as
32 mil mesquitas”. Rama Yade destaca que a prisão de Habiba Kouider não é o primeiro
caso, lembrando a do padre católico francês Pierre Wallez, condenado em abril pelo
Tribunal de Recursos de Tlemen a dois meses de cárcere, com suspensão, por proselitismo.
“Confio
na tolerância do povo argelino”, declarou a Secretária de Estado francesa para os
Direitos do Homem. A imprensa argelina deu amplo espaço a estes últimos acontecimentos,
evidenciando as dificuldades que estão enfrentando atualmente as comunidades cristãs
na Argélia. Vinte e cinco destas comunidades foram intimadas a cessar toda atividade.
O
ministro argelino do Interior e das Coletividades locais, Yazid Zerhouni, afirmou
que foram fechados no país vários lugares de culto e de oração, muçulmanos e não-muçulmanos,
porque exerciam atividades sem autorização, portanto, ilegalmente. O ministro lembrou
que a lei argelina exige uma autorização para exercer um culto, inclusive o muçulmano:
é necessário organizar-se em associação e pedir uma licença para a abertura de lugares
de culto e para quem deve assegurar a oração.
A lei argelina suscitou polêmica
e as comunidades cristãs, católicas e protestantes, denunciam “o zelo” com que são
aplicadas as disposições. A normativa é de 28 de fevereiro de 2006 e foi elaborada
pelo Departamento dos Assuntos Religiosos para regulamentar a organização do culto
muçulmano e debelar as salas de oração consideradas anárquicas. (PL)