Paris, 26 mai (RV) - Na França, a Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé
publicou em Paris uma nota sobre o diálogo entre cristãos e muçulmanos.
O diálogo
teológico, que se refere a Deus, constrói-se num clima de abertura ao outro e de respeito
recíproco, mas exige, ao mesmo tempo, uma clareza real de identidade da fé cristã,
diz a nota, intitulada: “De que modo cristãos e muçulmanos falam de Deus”.
O
documento aborda as diferenças teológicas no modo de abordar o tema Deus no mundo
cristão e no mundo muçulmano, ressaltando o modo diverso com que as duas religiões
falam de Deus.
“O Islã – diz a nota – insiste fortemente na unicidade de Deus
e não aceita a revelação do cristianismo que se baseia no fato que Deus é Pai, Filho
e Espírito Santo. A noção de Trindade não é compreendida e é rejeitada em nome da
rejeição do politeísmo”.
O documento especifica ainda que para o Islã não
se pode ter a Encarnação; seria um atentado à transcendência de Deus. Além disto,
o Islã desconhece qualquer mediação e rejeita o que parece ser um obstáculo entre
Deus e os homens, enquanto para o cristianismo a salvação é dada mediante Cristo,
o único mediador entre Deus e os homens.
“Para o Islã, como para o cristianismo
– prossegue o documento – Deus fala aos homens e existem duas Escrituras sagradas.
Mas as concepções da revelação são muito diferentes: O Alcorão é fruto de um ditado
de Deus a Maomé. Ao invés, para os cristãos “foi Deus que inspirou os autores bíblicos
que redigiram os livros da Bíblia, servindo-se das palavras e das formas literárias
do seu tempo”. E ainda “para os muçulmanos, as afirmação do Corão têm a autoridade
da Palavra de Deus. Deste modo, o diálogo dogmático se torna bastante difícil sobre
essas questões essenciais. Sem ignorar estas diferenças fundamentais – acrescenta
a nota do episcopado francês – é necessário observar que o diálogo é possível sobre
outros campos da fé, como as orações, a vida moral, a criação, o sentido do homem”.(PL)