"QUINZE ANOS SEM CONHECER A VERDADE", AFIRMA EPISCOPADO MEXICANO SOBRE MORTE DO CARD.
POSADAS OCAMPO
Guadalajara, 24 mai (RV) - Recordam-se hoje, 24 de maio, os 15 anos do assassinato
do arcebispo de Guadalajara, Cardeal Juan Jesús Posadas Ocampo, morto em circunstâncias
ainda obscuras durante um tiroteio no aeroporto da cidade.
Para a ocasião,
o episcopado mexicano divulgou uma carta, intitulada "Quinze anos sem conhecer a verdade",
assinada pelo arcebispo de Guadalajara, Cardeal Juan Sandoval Íñiguez.
A carta
foi lida anteontem pelo secretário-geral da Conferência Episcopal Mexicana (CEM),
Dom José Leopoldo González González, na apresentação do livro "A verdade os tornará
livres. Não tenham medo. E o homicídio do Cardeal Juan Jesús Posadas Ocampo?", escrito
por dois deputados federais.
"A Igreja quer saber a verdade. Precisamos saber
quem são os mandantes e os autores materiais para poder perdoar e ter paz e justiça",
lê-se no texto, que continua: "Os assassinos se empenharam em ocultar o crime, impedindo
que a verdade venha à luz, utilizando todos os meios, ameaças veladas ou diretas,
difamações e calúnias".
A carta assim se conclui: "Resolver o homicídio do
Cardeal Juan Jesús Posadas Ocampo pode despertar uma esperança para as vítimas da
corrupção e do crime no México, superando seu ceticismo e desalento, porque hoje poucos
acreditam que as instituições de segurança pública e a Justiça penal vão resolver
os crimes que sofremos. Verdade, justiça, perdão e reconciliação são colunas indispensáveis
para alcançar a ansiada paz social que o México merece e precisa".
Em nome
da Conferência Episcopal, Dom González González pediu aos investigadores que convoquem
novamente o ex-presidente da República Carlos Salinas de Gortari a prestar depoimento.
Segundo o livro dos deputados, existem elementos que provam que o assassinato
do Cardeal Posadas Ocampo não foi um erro, como estabeleceu a investigação oficial.
Baseando-se em documentos judiciários, os autores afirmam, assim como a própria Igreja,
que se tratou de um atentado de matriz política contra o purpurado, que denunciou
várias vezes a chaga do narcotráfico e sua relação com os ambientes governamentais
de então. (BF)