Respeitar a dignidade e a vida privada de cada um, e não perder de vista as dimensões
éticas da comunicação entre as pessoas
(23/5/2008) Recebendo os participantes num encontro sobre a identidade e a missão
das Faculdades da Comunicação nas Universidades católicas, Bento XVI sublinhou a importância
de que “a plena verdade” esteja bem presente na comunicação social e que nunca se
percam de vista “as dimensões éticas da comunicação entre as pessoas”. “As diversas
formas de comunicação – diálogo, oração, ensino, testemunho, proclamação – e os seus
diferentes instrumentos – imprensa, electrónica, artes visivas, música, voz, gestualidade
e contacto – são outras tantas manifestações da natureza da pessoas humana” – observou
o Papa.
“É a comunicação que revela a pessoa, que cria relações autênticas
e comunidade, e que permite aos seres humanos maturar em consciência, sabedoria e
amor. Contudo, a comunicação não é o simples produto de um puro acaso fortuito ou
das nossas capacidades humanas: à luz da mensagem bíblica, ela reflecte, isso sim,
a nossa participação no Amor trinitário – criativo, comunicativo, unificante – que
é Pai, Filho e Espírito Santo”.
“Deus criou-nos para estarmos unidos a Ele
e dá-nos a tarefa da comunicação , porque quer que obtenhamos esta união não sozinhos
mas através do nosso conhecimento, do nosso amor e do nosso serviço a Ele e aos nossos
irmãos e irmãs, numa relação comunicativa e amorosa”.
“É evidente que no
coração de toda e qualquer reflexão séria sobre a natureza e o objectivo das comunicações
humanas tem que haver um compromisso com as questões da verdade. Um comunicador pode
tentar informar, educar, distrair, convencer, confortar; mas o valor último de cada
comunicação reside na sua densidade de verdade”.
O Papa observou ainda que
“a arte da comunicação está por sua natureza ligada a uma dimensão ética, às virtudes
que fundamentam a moralidade”. Daqui uma recomendação prática:
“Encorajo-vos
a dar mais atenção, no sector dos meios de comunicação dos programas académicos, às
dimensões éticas da comunicação entre as pessoas, num período em que o fenómeno da
comunicação assume um lugar cada vez mais amplo em todos os meios sociais. É importante
que nunca se encare esta formação como um mero exercício técnico ou com o desejo único
de fornecer informações. Há-de ser, isso sim, um convite a promover a verdade na informação
e a fazer reflectir os nossos contemporâneos sobre os acontecimento, a fim de serrem
educadores dos homens de hoje, edificando um mundo melhor”.
O que significa
“promover a justiça e a solidariedade” e “respeitar em todas as circunstâncias o valor
e dignidade de cada pessoa”
“Seria uma tragédia para o futuro da humanidade
se os novos instrumentos de comunicação, que permitem partilhar o conhecimento e a
informação de maneira mais rápida e eficaz, não fossem acessíveis aos que se encontram
marginalizados económica e socialmente, ou apenas contribuíssem para alargar ainda
mais a distância que separa estas pessoas das novas redes que se vão desenvolvendo
ao serviço da socialização humana, da informação e da aprendizagem”.