2008-05-23 15:22:43

Existência de pobres exige mais acção solidária


(23/5/2008) Não se pode esconder a realidade da pobreza no nosso tempo ou ficar indiferente perante situações de carência que exigem compromissos efectivos. «Não bastam as palavras, é preciso avançar sempre com novos projectos e actos que sejam libertadores», disse ontem Dom António Carrilho na homilia da Solenidade do Corpo de Deus.
Centrando a sua reflexão na Eucaristia, o Bispo do Funchal afirmou que desta vivência «brotam exigências e compromissos para a nossa acção concreta na vida de cada dia. Compromissos que passam pela abertura ao outro, em acolhimento, serviço, respeito pela vida». Daí que as sejam grandes as responsabilidades imputadas aos cristãos perante as «necessidades do nosso próximo que está com fome, sem roupa, preso, abandonado e sofredor. Nos mais necessitados, Jesus continua a passar incógnito pelos caminhos do mundo, tantas vezes perante a indiferença dos homens. Ele próprio se manifestou particularmente sensível aos mais pobres e humildes, ao ponto de se identificar com eles».
Em conclusão: «a Eucaristia não é apenas expressão de comunhão na vida interna da Igreja, ela é também projecto de fraternidade, em benefício de toda a humanidade, particularmente e até dos que mais precisam», sublinhou.
Alargar a acção solidária
É grande a acção da Igreja no campo sócio-caritativo, desde há séculos, através das paróquias e na cooperação com outras entidades, nomeadamente «no acolhimento e acompanhamento de tantas crianças carenciadas, muitas vezes vítimas de famílias desestruturadas, alcoolizadas e toxidependentes; também no acolhimento a tantos idosos marcados pela solidão e esquecidos em certas situações, talvez até desprezados pelos próprios familiares», lembrou D. António Carrilho.
No entanto, «não nos podemos acomodar e contentar com aquilo que já fazemos», alertou.
«É necessário e urgente alargar ainda mais a acção da Igreja e da sociedade a favor dos mais pobres, amando-os com uma ajuda efectiva», disse.
Despesas com armamento resolviam pobreza no mundo
Na sua reflexão, o Bispo do Funchal aludiu ainda à pobreza no mundo actual. Valendo-se das estatísticas, considerou que «no combate à pobreza mundial diz-se que bastariam menos de metade das somas que se gastam no armamento para tirar da miséria e dar uma vida estável ao exército inumerável dos pobres».
Neste contexto, citou por outro lado o documento preparatório do próximo Congresso Eucarístico Internacional que se vai realizar no Canadá, em Junho, em que se diz que a «Igreja terá que ter e ser uma consciência crítica sobre esta situação, quer para si mesma, quer para interpelar o mundo». «Ninguém pode ignorar a existência dos mais carenciados. A Eucaristia deve criar em nós um coração universal, um desejo de bem-fazer», afirmou.
Na missa campal celebrada frente à igreja do Colégio, e na Procissão do Corpo de Deus até à Sé, participaram centenas de fiéis, entre entidades civis e militares, sacerdotes e Movimentos de apostolado.








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