ARCEBISPO JOHANESBURGO: VIOLÊNCIA XENÓFOBA CRIA NOVO APARTHEID
Johanesburgo, 23 mai (RV) - Não pára a onda de violência xenófoba na África
do Sul, que até agora já causou a morte de mais de 40 pessoas.
A onda xenófoba
contra os imigrantes africanos começou em Johanesburgo, passou para Durban e agora
se estendeu também a Cidade do Cabo, onde se registraram graves episódios de intolerância:
muitas pessoas atacaram casas e saquearam lojas de imigrantes, oriundos especialmente
da Somália e de Zimbábue.
Em Johanesburgo, pelo menos 42 imigrados perderam
a vida nos ataques dos dias passados e mais de 16.000 se viram obrigados a abandonar
as suas casas e a procurar refúgio em quartéis, igrejas e repartições públicas. O
presidente sul-africano, Thabo Mbeki, enviou às áreas mais "inflamadas" cerca de 200
militares; mais de 500 pessoas foram presas nos dias passados.
O arcebispo
de Johanesburgo, Dom Buti Joseph Tlhagale, fala de "uma nova mentalidade segregacionista",
que está matando a África do Sul.
Ele disse à Rádio Vaticano que estão envolvidos
nestes atos criminosos, que chegam ao assassinato, até jovens de 14 anos. "Se é verdade
que está começando a afirmar-se uma mentalidade 'étnica', uma mentalidade de 'gueto',
é verdade que a gente passará a fazer discriminações com base na língua e no país
de origem", ressaltou D. Buti.
O muro que abatemos com o restabelecimento da
democracia na África do Sul está para ser reconstruído e se está criando um novo apartheid.
É necessário opor-se a isto – disse o arcebispo de Johanesburgo –, porque muita gente
morreu para fazer da África do Sul um só país, unido, embora com muitas e diversas
etnias.
D. Buti Joseph manifestou o temor de que os sul-africanos estejam se
tornando condescendentes ante a falta de respeito aos outros. Não se tomam iniciativas
para procurar resolver estas violências – denunciou, afirmando ainda que "como país
e como cidadãos sul-africanos nos envergonhamos por estes atos e devemos pedir perdão
a estas pessoas que sofreram violência". (PL/BF)