2008-05-23 15:24:59

A personalidade, humana e sacerdotal do cardeal Bernardin Gantin, maravilhosa síntese das características do ânimo africano com as que são próprias do espírito cristão, da cultura e da identidade africana e dos valores evangélicos


(23/5/2008) Intervindo no final da missa de sufrágio pelo cardeal Bernardin Gantin, na basílica de São Pedro, nesta sexta-feira de manhã, Bento XVI evocou o purpurado como “fiel e devoto servidor da Igreja ao longo de muitos anos”. A celebração foi presidida pelo actual decano do Colégio cardinalício, cardeal Angelo Sodano, tendo-se o Papa associado à assembleia só no final da Missa.

O Papa começou por comentar a primeira leitura, em que o Profeta Ezequiel anunciava em nome de Deus: “Eis que eu abro os vossos sepulcros, ressuscito-vos dos vossos túmulos”. “Ao povo oprimido e desanimado, esmagado pelos sofrimentos do exílio – observou – o Senhor anuncia a restauração de Israel”. Uma “cena grandiosa, que preanuncia a intervenção resolutiva de Deus na história dos homens”, para além de tudo o que é humanamente possível. “Quando nos sentimos cansados, impotentes e perdemos a confiança perante a realidade, quando somos tentados a ceder à desilusão e até mesmo ao desespero, quando o homem se encontra reduzido a um monte de ossos ressequidos, é então o momento de esperar contra toda a esperança.

“A verdade que a Palavra de Deus recorda com vigor é que nada nem ninguém, nem sequer a morte, pode resistir à omnipotência do seu amor fiel e misericordioso. Esta é a nossa fé, assente na ressurreição de Cristo”.

Foi neste contexto que Bento XVI fez “memória” da dedicação com que o cardeal Bernardin Gantin viveu a sua existência terrena, que se concluiu no passado dia 13 de Maio, com 86 anos de idade, :

“A sua personalidade, humana e sacerdotal, constituía uma maravilhosa síntese das características do ânimo africano com as que são próprias do espírito cristão, da cultura e da identidade africana e dos valores evangélicos”.

Papa Ratzinger evocou mesmo “recordações pessoais” que o ligavam ao purpurado defunto, desde quando, há 31 anos, receberam juntos o barrete cardinalício das mãos de Paulo VI, colaborando depois lado a lado na Cúria Romana. E sublinhou “o seu típico estilo humilde e simples”, assim como “a sua prudente sabedoria, a sólida fé e o sincero apego a Cristo e ao seu Vigário na terra, o Papa”. “57 anos de sacerdócio, 51 anos de episcopado e 31 de púrpura cardinalícia: eis a síntese de uma vida gasta ao serviço da Igreja” – fez notar Bento XVI, que recordou que o cardeal Gantin tinha apenas 34 anos quando foi ordenado bispo e 37 quando assumiu a missão de arcebispo de Cotonou, a capital da sua pátria, o Benin.

A concluir, comentando a frase paulina “Para mim, viver é Cristo, e morrer (é) um lucro”, acrescentou ainda Bento XVI:

“Também este nosso amigo e irmãos, ao qual prestamos a nossa grata homenagem, foi permeado de amor a Cristo. Amor que o tornava amável e disponível à escuta e ao diálogo com todos. Amor que o levava a encarar sempre, como ele costumava repetir, ao essencial da vida que dura, sem se perder no contingente, que passa rapidamente. Amor que o fazia sentir o seu papel nos vários cargos da Cúria como um serviço isento de ambições humanas”.
Recordando que a morte do cardeal Gantin ocorreu “numa significativa data mariana”, a 13 de Maio, “memória de Nossa Senhora de Fátima”, Bento XVI exprimiu o desejo e a esperança de que “seja Maria a confiá-lo às mãos misericordiosas do Pai celeste e a introduzi-lo na Casa do Senhor, para a qual nos encaminhamos todos” – disse. “No encontro com Cristo, que este nosso Irmão implore para nós, e especialmente para a sua amada África, o dom da paz!”







All the contents on this site are copyrighted ©.