La Paz, 22 mai (RV) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, voltou a suscitar
polêmica com a Igreja Católica com relação à participação do cardeal Julio Terrazas
no diálogo entre o poder executivo e os prefeitos das regiões separatistas. A Igreja
Católica advertiu que se retirará do processo se o cardeal for excluído.
Diferentes
membros do governo fizeram declarações advertindo que aceitariam a Igreja como mediadora,
mas sem a presença do cardeal Terrazas, porque ele ficava excluído do processo ao
participar do referendum pelo Estatuto Autonômico de Santa Cruz, no dia 4 de maio.
No
úlltimo dia 15 de março, após uma reunião com o presidente Evo Morales em Santa Cruz,
o cardeal Terrazas abriu um processo de facilitação entre o executivo e os prefeitos
opositores, para o qual designou o bispo Jesús Juárez como delegado para iniciar as
gestões.
Após o fracasso nas negociações, no dia 7 de abril, o cardeal Terrazas
e o presidente tiveram o primeiro choque. O purpurado considerou infundada a versão
do executivo com relação à existência de “escravos” na província Cordillera de Santa
Cruz. Rapidamente, Morales disse que se sentia “traído pela cúpula da Igreja”.
Posteriormente,
a decisão do cardeal Terrazas de votar no referendum do dia 4 de maio aumentou a crise
com o executivo. Morales afirmou que a Igreja parece atuar como um “sindicato opositor”.
A
Igreja Católica, por sua parte, pediu mais respeito, a partir das últimas declarações
do presidente Evo Morales, que acusou a cúpula eclesial de ter se convertido em um
sindicato opositor à sua gestão, entre outros qualificativos e diante dos ataques
que diversas autoridades do governo fazem.
A Igreja se manifestou solidária
com o cardeal Terrazas e advertiu que se o presidente Morales e o governo excluírem
o purpurado do diálogo, essa instituição não participará de nenhum diálogo. Juárez
declarou que os bispos querem diálogo, mas com o cardeal, porque é a máxima autoridade
e não poderiam atuar à margem dele.
O cardeal Terrazas voltou à Bolívia no
último dia 19 de maio, após uma visita de quase 10 dias ao Vaticano, onde foi recebido
pelo Papa Bento XVI. (SP)