CARDEAL MARTINO: O MODELO DO "HOMO OECONOMICUS" ESTÁ EM CRISE
Lucca, 20 mai (RV) - A necessidade de uma ordem econômica eticamente orientada
a serviço da pessoa humana foi colocada em destaque pelo presidente do Pontifício
Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Renato Raffaele Martino, durante um encontro
de jovens industriais da província italiana de Lucca.
Para o cardeal, o modelo
do "homo oeconomicus" está em crise e está para ser superado, o que significa que
a economia volta a fazer as contas com a ética.
O purpurado considera um fenômeno
evidente o fato de que a riqueza provém hoje, sobretudo, do capital humano e social,
pois – como afirma a "Centesimus Annus" de João Paulo II – "a principal riqueza é
o homem". De fato, a riqueza não é criada por recursos naturais, mas por aqueles imateriais,
como a inteligência, a criatividade, o trabalho disciplinado, a capacidade de trabalhar
juntos com confiança recíproca e a disponibilidade às inovações e às mudanças.
Em
seu discurso, o Cardeal Martino insistiu ainda sobre a necessidade de uma regulamentação
do mercado. Em primeiro lugar, porque há exigências humanas importantes que fogem
da lógica de mercado; em segundo, porque há bens que, por sua natureza, não se podem
e não devem ser vendidos ou comprados, sendo a pessoa humana o primeiro entre todos.
Mas quem deve regular o mercado? Segundo o purpurado, antes de tudo, a transparência,
o conhecimento, a confiança, a concorrência lícita e a democracia econômica. Mas o
mercado deve ser regulado também pela ética dos empresários e dos agentes econômicos
e também pela cultura e tradição de um povo, inclusive a religião.
Os vínculos
sociais de solidariedade, os modelos de comportamento herdados do passado e os elos
morais e religiosos que orientam a consciência pessoal e profissional são de fundamental
importância para dar uma "alma" ao mercado.
O cardeal chamou a atenção para
o fato de que um notável fenômeno regulador do mercado seja constituído hoje pela
economia non-profit (sem fins lucrativos) e pelo setor terciário, que faz parte
a pleno título do mercado, mas atua com critérios não somente de eficiência, mas também
de solidariedade. (SP/BF)