2008-05-20 13:47:26

CARDEAL MARTINO: O MODELO DO "HOMO OECONOMICUS" ESTÁ EM CRISE


Lucca, 20 mai (RV) - A necessidade de uma ordem econômica eticamente orientada a serviço da pessoa humana foi colocada em destaque pelo presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Renato Raffaele Martino, durante um encontro de jovens industriais da província italiana de Lucca.

Para o cardeal, o modelo do "homo oeconomicus" está em crise e está para ser superado, o que significa que a economia volta a fazer as contas com a ética.

O purpurado considera um fenômeno evidente o fato de que a riqueza provém hoje, sobretudo, do capital humano e social, pois – como afirma a "Centesimus Annus" de João Paulo II – "a principal riqueza é o homem". De fato, a riqueza não é criada por recursos naturais, mas por aqueles imateriais, como a inteligência, a criatividade, o trabalho disciplinado, a capacidade de trabalhar juntos com confiança recíproca e a disponibilidade às inovações e às mudanças.

Em seu discurso, o Cardeal Martino insistiu ainda sobre a necessidade de uma regulamentação do mercado. Em primeiro lugar, porque há exigências humanas importantes que fogem da lógica de mercado; em segundo, porque há bens que, por sua natureza, não se podem e não devem ser vendidos ou comprados, sendo a pessoa humana o primeiro entre todos.

Mas quem deve regular o mercado? Segundo o purpurado, antes de tudo, a transparência, o conhecimento, a confiança, a concorrência lícita e a democracia econômica. Mas o mercado deve ser regulado também pela ética dos empresários e dos agentes econômicos e também pela cultura e tradição de um povo, inclusive a religião.

Os vínculos sociais de solidariedade, os modelos de comportamento herdados do passado e os elos morais e religiosos que orientam a consciência pessoal e profissional são de fundamental importância para dar uma "alma" ao mercado.

O cardeal chamou a atenção para o fato de que um notável fenômeno regulador do mercado seja constituído hoje pela economia non-profit (sem fins lucrativos) e pelo setor terciário, que faz parte a pleno título do mercado, mas atua com critérios não somente de eficiência, mas também de solidariedade. (SP/BF)







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