"Igreja de Génova, sê unida e missionária!" "A Trindade é ao mesmo tempo unidade e
missão" - Bento XVI na Missa celebrada em Génova, domingo à tarde
Concluiu-se a breve mas intensa visita pastoral que Bento XVI realizou sábado à tarde
e domingo, a Savona e Génova, na costa norte-ocidental italiana da Ligúria. Último
momento do programa a Missa celebrada numa Praça de Génova. Comentando as Leituras
do domingo da Santíssima Trindade, o Papa sublinhou que esta festa “nos convida a
contemplar o Senhor, que, num certo sentido, nos convida a subir ao monte,
como Moisés”. Se à primeira vista isso parece afastar-nos do mundo e dos seus problemas
(observou), na realidade assim não é, pelo contrário: conhecendo mais de perto a Deus,
recebem-se também preciosas indicações práticas para a vida.
“Do nome de
Deus depende a nossa história; da luz do seu rosto, o nosso caminho. / Da realidade
de Deus, que Ele próprio nos deu a conhecer revelando-nos o seu nome, deriva
uma certa imagem de homem, isto é, o conceito exacto de pessoa”.
“Se Deus
é uma unidade dialógica, substância em relação, a criatura humana, feita à sua imagem
e semelhança, reflecte essa constituição: está portanto chamada a realizar-se no diálogo,
no colóquio, no encontro” – prosseguiu o Papa, na mesma ordem de ideias. “Em particular,
Jesus revelou-nos que o homem é essencialmente filho, criatura que vive na
relação com Deus Pai. O homem não se realiza em autonomia absoluta, com a ilusão de
ser Deus, mas, pelo contrário, reconhecendo-se como filho, criatura aberta, em tensão
para com Deus e os irmãos, em cujo rosto encontra a imagem do Pai comum”. “Esta
concepção de Deus e do homem está na base de um correspondente modelo de comunidade
humana, e portanto de sociedade” – sublinhou o Papa. “Um modelo que tem a primazia
sobre toda e qualquer regulamentação normativa, jurídica, institucional, e antes mesmo
de quaisquer especificações culturais”.
“Um modelo de família humana transversal
a todas as civilizações, que nós cristãos costumamos exprimir desde crianças afirmando
que os homens são todos filhos de Deus e portanto irmãos… É uma concepção que assenta
sobre a ideia de Deus Trindade, do homem como pessoa (não mero indivíduo) e da sociedade
como comunidade (não mera colectividade).
“Numa sociedade situada entre globalização
e indivíduo, a Igreja está chamada a oferecer um testemunho de koinonia, de comunhão
– sublinhou ainda o Papa. Esta realidade não vem da base, de baixo, mas é um
mistério que tem, por assim dizer, as raízes no céu: precisamente em Deus uno
e trino”… Segundo a grande síntese do Concílio Vaticano II: “a Igreja, mistério de
comunhão, é em Cristo como um sacramento, isto é, sinal e instrumento da íntima união
com Deus e da unidade de todo o género humano”.
“Também aqui, nesta grande
cidade, como também no seu território, com a variedade dos respectivos problemas humanos
e sociais, a Comunidade eclesial, hoje como ontem, é acima de tudo o sinal, pobre
mas verdadeiro, de Deus Amor, cujo nome está impresso no ser profundo de cada pessoa
e em cada experiência de autêntica socialidade e solidariedade”.
A concluir,
Bento XVI acrescentou ainda algumas exortações particulares. Antes de mais, o cuidado
da formação espiritual e catequística, uma formação “substancial”, disse. Aos adultos
e aos jovens, o Papa pediu-lhes que cultivem “uma fé pensada, capaz de dialogar em
profundidade com todos”. Aos “jovens empenhados num caminho vocacional, Bento XVI
exortou-os a não terem medo de um “itinerário formativo sério e exigente”. Finalmente,
o apelo a crescer na dimensão missionária:
“De facto a Trindade é ao mesmo
tempo unidade e missão: quanto mais intenso é o amor, mais forte é o impulso a difundir-se,
a dilatar-se, a comunicar-se… / Caros amigos, encarai o futuro com confiança e tratai
de construí-lo conjuntamente, evitando facciosismos e particularismos, colocando o
bem comum acima dos interesses particulares, por legítimos que sejam… / O Senhor caminhe
sempre no meio de vós e faça de vós a sua herança… “