APELO DA IGREJA CONTRA POBREZA NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE
Lima, 17 mai (RV) - "A situação geral na qual vivem os povos da América Latina
é fortemente marcada pela pobreza, pela exclusão e pelo abismo crescente entre ricos
e pobres." É o que escrevem os bispos da América Latina e do Caribe na carta entregue
ontem, sexta-feira, aos governantes reunidos em Lima para a V Cúpula entre os 27 países
da União Européia e 33 nações latino-americanas.
Essa situação bloqueia "a
pequena produção agrícola, cria desemprego e instabilidade no âmbito de trabalho,
não permite sistemas educacionais e de saúde pública adequados, gera violência e insegurança
alimentar, provoca migrações e aumenta a deterioração do equilíbrio ecológico", acrescentam
os prelados.
O documento assinado pelas autoridades do Conselho Episcopal Latino-Americano
(CELAM) e da Igreja no Peru – país anfitrião do encontro que se conclui neste sábado
com a publicação da "Declaração de Lima" sobre pobreza e desenvolvimento sustentável
– foi entregue à chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e ao presidente do Parlamento
Europeu, Hans-Gert Poettering.
Os bispos reiteram, com referência aos ensinamentos
da Conferência de Aparecida, que nessa realidade "está em perigo não somente a coesão
social, mas a própria estabilidade política do sistema democrático em diversas nações
do continente".
"Conscientes do fato de que partilhamos os mesmos valores e
princípios éticos, propomos uma agenda de trabalho co-responsável para buscar um modelo
de desenvolvimento alternativo que seja integral e solidário", explicam os bispos,
que elencam depois algumas "condições" essenciais.
"É preciso subordinar o
mercado a um núcleo de referência ético-cultural, como a dignidade do trabalho, os
direitos dos migrantes e dos refugiados e as políticas sociais. São necessárias políticas
de cooperação internacional capazes de reduzir as desigualdades e garantir, ao mesmo
tempo, a paz social, na perspectiva da urgente erradicação das causas da pobreza."
Concluindo,
os signatários pedem a correção de algumas graves assimetrias nas relações comerciais
bilaterais entre a União Européia e a América Latina, ressaltando a centralidade da
pessoa humana também nas dinâmicas de troca de mercadorias, bens e serviços. (RL/BF)