2008-05-15 15:05:06

MORRE EM VARSÓVIA, AOS 98 ANOS, “ANJO DO GUETO” QUE SALVOU 2.500 CRIANÇAS


Varsóvia, 14 mai (RV) - Faleceu nesta segunda-feira num hospital de Varsóvia, aos 98 anos, Irena Sendler, conhecida como "o anjo do gueto" por ter salvo 2.500 crianças do Holocausto. Quando as tropas da Alemanha nazista invadiram a Polônia, Irena, de fé católica, era enfermeira no Departamento de bem-estar social de Varsóvia, que administrava os refeitórios comunitários da cidade. Trabalhou incansavelmente para aliviar os sofrimentos de milhares de pessoas, tanto de fé católica, quanto judaica.

Irena Sendler fazia parte da resistência nacional e, também graças ao movimento clandestino "Zagota", conseguiu obter um visto para poder entrar legalmente no gueto. Foi a protagonista de muitas operações de salvação: começou a carregar as crianças numa ambulância, na qual ao lado do motorista tinha sempre um cão, para cobrir com o latido o choro das crianças. Muitas delas foram depois confiadas a famílias cristãs ou a conventos.

Irena fez de modo que todas essas operações fossem documentadas: escreveu em código o verdadeiro nome de cada criança, o seu novo nome e o de quem a acolhia. Desse modo, se assegurava que as crianças poderiam voltar à sua família após a guerra ou que, ao menos, fosse mais fácil identificá-las. O registro foi longamente conservado em frascos enterrados debaixo de um pé de maçã no jardim de um vizinho, de frente a uma área utilizada por soldados alemães.

Um dos momentos mais dramáticos deu-se em outubro de 1943, quando Irena foi detida pela Gestapo (polícia secreta da Alemanha nazista). Era a única a saber os nomes e os endereços das famílias que acolhiam as crianças judias e suportou a tortura para não traí-las.

Quebraram-lhe os pés e as pernas, mas ninguém conseguiu quebrar a sua vontade. Em 1965 o memorial do Yad Vashem conferiu a Irena o título de "Justo entre as nações" e em 1991 foi-lhe concedida a cidadania honorária israelense. Falecida nesta segunda-feira aos 98, a sua história permanece hoje um indelével capítulo na dramática história do Holocausto. (RL/BF)







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