A Ordem das Virgens - uma expressão particular da vida consagrada que se radica nos
inícios da vida evangélica e no próprio Sim de Maria: Bento XVI recebendo uma peregrinação
de Virgens consagradas
Quinhentas “virgens consagradas”, provenientes de 52 diferentes países, se deslocaram
em peregrinação a Roma, juntamente com alguns dos seus bispos e delegados. “Representam
milhares de outras irmãs suas que vivem na simplicidade e na humildade a sua consagração
total ao Esposo das virgens, a serviço da Igreja local” – como sublinhou o Cardeal
Franc Rodé, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades
de vida apostólica, apresentando-as ao Santo Padre, na audiência que este lhes concedeu
nesta quinta-feira de manhã. “Um dom na Igreja e para a Igreja” – foi o lema desta
peregrinação de mulheres que vivem no mundo a virgindade consagrada. Nas palavras
que lhes dirigiu, o Papa quis confirmá-las na sua vocação, convidando-as a “crescer
de dia para dia na compreensão de um carisma tão luminoso e fecundo aos olhos da fé,
quanto obscuro e inútil aos olhos do mundo”. Bento XVI recordou que “a Ordem
das Virgens constitui uma expressão particular de vida consagrada, que refloresceu
na Igreja depois do Concílio Vaticano II, mas cujas raízes são antigas”. De facto,
radicam-se “nos inícios da vida evangélica quando, como novidade inaudita, o coração
de algumas mulheres começou a abrir-se ao desejo da virgindade consagrada: ou seja
ao desejo de dar a Deus todo o próprio ser”. À imagem, precisamente, da Virgem de
Nazaré, e do seu sim. “O vosso carisma deve reflectir a intensidade, mas
também a frescura das origens. Funda-se num simples convite evangélico - “quem puder
compreender, que compreenda” – e no conselho paulino sobre a virgindade pelo Reino
de Deus. E contudo nele ressoa todo o mistério cristão.” Bento XVI fez ainda notar
que, quando surgiu, este “carisma não se configurava com particulares modalidades
de vida, mas foi-se depois institucionalizando, pouco a pouco, até chegar a uma verdadeira
e própria consagração pública e solene, conferido pelo Bispo mediante um sugestivo
rito litúrgico que fazia da mulher consagrada a sponsa Christi, imagem da Igreja esposa”.
Recordando que esta vocação (da virgem consagrada) se radica profundamente na
Igreja particular à qual cada uma pertence, Bento XVI encorajou-as, em todo o caso,
a alargar à Igreja universal a dimensão da sua própria inserção humana e eclesial,
com as “tradições locais, os seus santos, valores, limites e dificuldades”. Há sobretudo
que partilhar a oração litúrgica da Igreja universal, advertiu. “Desse modo o
vosso eu orante dilatar-se-á progressivamente até que, na oração, passará a
ser um grande nós. É esta a oração eclesial e a autêntica liturgia. No diálogo
com Deus abri-vos ao diálogo com todas as criaturas, com as quais vos encontrais a
ser mães, mães dos filhos de Deus”.