2008-05-14 20:15:21

NA AUDIÊNCIA GERAL, A SOLIDARIEDADE DO PAPA AOS CHINESES ATINGIDOS PELO TERREMOTO


Cidade do Vaticano, 14 mai (RV) - Nas cataqueses que vem dedicando aos Padres da Igreja, o papa falou hoje de um teólogo místico do VI século, de nome desconhecido, que, "por humildade", quis assinar as suas obras com o pseudônimo de Dionísio O Aeropagita, em alusão a um dos dois gregos que se converteram em Atenas depois de ouvir a pregação do apóstolo Paulo, no Areópago, para uma elite do grande mundo intelectual grego.

A Audiência Geral das quartas-feiras, como a oração mariana aos domingos, são uma janela aberta para o mundo. Hoje, o pensamento do papa se concentrou na tragédia do terremoto que abalou a China, segunda-feira passada, dia 12, deixando cerca de 15 mil mortos, segundo o último balanço.

"O meu pensamento dirige-se, neste momento, às populações de Sichuan e das províncias limítrofes na China, duramente atingidas pelo terremoto que causou graves perdas de vidas humanas, inúmeros dispersos e danos incalculáveis. Convido-vos a vos unirdes a mim na férvida oração por todos os que perderam a vida. Estou espiritualmente próximo às pessoas provadas por esta calamidade devastadora: imploremos a Deus que alivie os seus sofrimentos. Que o Senhor ampare todos os que estão engajados em fazer frente às exigências imediatas de socorro."

Mas voltemos à catequese de Bento XVI, na Praça São Pedro, na presença de 18.000 peregrinos e turistas. Ele destacou que a mística do Pseudo-Dionísio pode ser hoje um modelo para o diálogo com as religiões asiáticas. O Areopagita, partindo da chamada "teologia negativa", ou seja, daquela teologia que sabe dizer de Deus sobretudo o que ele "não é", se coloca como mediador entre o pensamento grego da época e a mística cristã que estava nascendo.

O Pseudo-Dionísio chega a afirmar que, partindo da teologia negativa, o fiel chega a conhecer mais a Deus na forma da teologia simbólica, na qual a especulação cede o lugar à contemplação e o conhecimento à experiência, a experiência de uma criatura que compreende com o coração o seu Criador:

"Sendo a criatura um louvor de Deus, a teologia do Pseudo-Dionísio torna-se uma teologia litúrgica: encontra-se Deus sobretudo louvando-o, não só refletindo; e a liturgia não é algo de construído por nós, algo de inventado para fazer uma experiência religiosa durante um certo período de tempo; ela é o cantar com o coro das criaturas e o entrar na própria realidade cósmica. E precisamente assim, a liturgia, aparentemente só eclesiástica, se alarga e se torna grande, torna-se união de nós mesmos com a linguagem de todas as criaturas. Ele diz: não se pode falar de Deus de modo abstrato; falar de Deus é sempre um cantar para Deus com o grande canto das criaturas que se reflete e se concretiza no louvor litúrgico."

É o que propõe a mística que recebeu do Pseudo-Dionísio um autorizado impulso, tão autorizado que, por exemplo, São Boaventura, o célebre biógrafo de São Francisco, tirou dessa impostação o esquema para compreender a mística do Santo de Assis:

"Boaventura viu o que é esta experiência em São Francisco: é a experiência de um caminho muito humilde, muito realista, dia após dia; é o andar com Cristo, aceitando a sua cruz. Nesta pobreza e nesta humildade, que se vive também na eclesialidade, há uma experiência que é mais alta do que a que se alcança mediante a reflexão: nela tocamos realmente o coração de Deus."

O papa observou que neste modo de proceder está também a "nova atualidade" do Pseudo-Dionísio:

"Hoje existe uma nova atualidade de Dionísio O Areopagita: ele se nos mostra como um grande mediador no diálogo moderno entre o cristianismo e as teologias místicas da Ásia, caracterizadas pela convicção de que não se pode dizer quem é Deus; dele se pode falar apenas em formas negativas; pode-se falar de Deus só com o "não" e só entrando nesta experiência do "não" se pode alcançá-Lo. E aqui se vê uma proximidade entre o pensamento do Areopagita e o das religiões asiáticas: ele pode ser hoje um mediador, como o foi entre o espírito grego e o Evangelho. Vê-se, assim, que o diálogo não aceita a superficialidade. Precisamente quando alguém entra na profundidade do encontro com Cristo se abre também o espaço vasto para o diálogo. Quando alguém encontra a luz da verdade, se apercebe que é uma luz para todos; desaparecem as polêmicas e torna-se possível entender-se um ao outro, ou ao menos falar um com o outro, aproximar-se."

Depois da catequese, o papa saudou os diversos grupos de peregrinos presentes na Audiência, dirigindo um pensamento amigo também aos brasileiros. Ouça a sua saudação seguida da Bênção Apostólica:

"Amados Irmãos e Irmãs,
Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, especialmente com um cordial abraço ao numeroso grupo de visitantes provindos do Brasil. Desejo a todos felicidades, paz e graça no Senhor! Faço votos de que a luz de Cristo ilumine sempre a vossa fé para que tenham uma vida digna, cristã e repleta de alegrias. Recebam a Bênção do Todo Poderoso que, de bom grado, estendo aos vossos familiares e amigos." RealAudioMP3 (PL)







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