Cidade do Vaticano, 09 mai (RV) - Bento XVI recebeu esta manhã em audiência
o Patriarca Supremo e Catholicos de todos os Armênios, Karekin II. Embora o caminho
ecumênico seja árduo, os cristãos devem deixar-se conduzir com confiança pelo Espírito
Santo para alcançar a plena unidade: foi o fulcro da audiência.
O papa presidiu,
na Sala Clementina, a celebração ecumênica da Hora Média, com a participação de Karekin
II e de uma delegação de bispos e fiéis armênios. Também o Cardeal Walter Kasper,
presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, participou
da celebração, caracterizada pela alternância das orações em latim e em armênio.
O
Espírito Santo "pode abrir portas que estão fechadas, inspirar palavras que foram
esquecidas, tornar sólidas relações que foram rompidas". Partindo da iminente solenidade
de Pentecostes, Bento XVI destacou que o Espírito Santo reuniu numa só voz, para professar
a fé, as muitas línguas do povo reunido em Jerusalém.
"O caminho para a restauração
de uma comunhão plena e visível de todos os cristãos pode parecer longo e árduo."
E "resta ainda muito a fazer para sanar as profundas e dolorosas divisões que desfiguraram
o Corpo de Cristo", observou o papa, abrindo à esperança, pois, disse ele, o Espírito
Santo "continua a guiar a Igreja de maneira surpreendente e, muitas vezes, inesperada".
Se os nossos corações e as nossas mentes "estiverem abertos ao Espírito de
comunhão, Deus pode fazer novamente milagres na Igreja, robustecendo os laços da unidade",
ponderou o sucessor de Pedro, que acrescentou: "No nosso diálogo ecumênico foram realizados
progressos importantes no esclarecimento das controvérsias doutrinais que nos dividiram,
sobretudo sobre as questões de Cristologia".
Com base nesta constatação, Bento
XVI fez votos de que a Comissão conjunta para o diálogo teológico com as Igrejas ortodoxas,
da qual é membro também a Igreja Apostólica Armênia, possa levar à "comunhão plena
e visível" e possa chegar o dia em que "a nossa unidade na fé torne possível uma celebração
comum da Eucaristia".
Comprometer-se com a unidade cristã, acrescentou, "é
um ato de confiança obediente na obra do Espírito Santo que conduz a Igreja à plena
realização do plano de Deus, em conformidade com a vontade de Cristo".
O papa
concentrou o seu pensamento, a seguir, na história recente da Igreja Apostólica Armênia
que, como ele constatou, "foi escrita nas cores contrastantes da perseguição e do
martírio, da obscuridade e da esperança, da humilhação e do renascimento espiritual.
Por isto, a reconquistada liberdade da Igreja na Armênia foi uma fonte de alegria
para todos nós".
Bento XVI louvou os resultados pastorais extraordinários
alcançados em tão pouco tempo, na Armênia e no exterior, considerando principalmente
a vastidão da obra de reconstrução da Igreja, levada em frente por Karekin II. O pontífice
aludiu a alguns desafios enfrentados nesses anos pela Igreja apostólica armênia, elogiando,
por isto, o patriarca: citou, de modo especial, a educação dos jovens, a formação
do clero, a construção de igrejas e centros comunitários, a assistência caritativa
aos necessitados e a promoção dos valores cristãos.
O papa reconheceu que foi
"graças à ação pastoral de Karekin II que a luz gloriosa de Cristo brilha de novo
na Armênia e se podem novamente ouvir as palavras salvíficas do Evangelho".
Por
fim, Bento XVI lembrou as relações cordiais dos Catholicos Vasken I e Karekin I com
Paulo VI e João Paulo II. O compromisso deles com a unidade dos cristãos – afirmou
o papa – abriu uma nova era de relações entre a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja
Católica.
Na saudação que fez ao papa, Karekin II convidou-o, também em nome
do presidente da República, a visitar a Armênia, como o fez João Paulo II em 2001.
Destacou também a importância da unidade dos cristãos, principalmente num mundo globalizado
em que está diminuindo o respeito à vida e ao homem, assim como o amor ao Senhor.
O Catholicos de todos os armênios evocou a exortação que o papa fez na sua
recente viagem apostólica aos Estados Unidos, a empreender a estrada do diálogo e
da paz, e não a do confronto e da violência, e ressaltou que para melhor defender
os direitos do homem e promover a paz devem ser consolidados os laços entre as Igrejas
cristãs. (PL/BF)